19 outubro, 2014

O tecido adiposo como fonte de Células-Tronco Mesenquimais

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As células-tronco mesenquimais do Tecido Adiposo estão se configurando numa espécie de Ave Fênix para Medicina, pois esta ave mítica simboliza a renovação, a ressurreição e a imortalidade ao renascer das próprias cinzas, assim como estas células podem representar a cura a partir de tecidos do próprio corpo.
Tatuagem da Fênix (fonte: Pinterest).
Há um ditado que diz: “Há muita virtude nos maldosos e muita maldade nos virtuosos”. Para a saúde humana este é um ditado muito válido uma vez que, muitas vezes, a diferença entre o remédio e a saúde se define mais pelas quantidades do que pelas substâncias.

Exemplo disso são as vitaminas lipossolúveis, pois elas causam males tanto pela falta quanto pelo excesso. Este é o caso da Vitamina A, que é essencial à preservação e ao funcionamento normal dos tecidos, assim como, ao crescimento e desenvolvimento, mas há evidências indiretas de que, em excesso, durante as primeiras semanas de gestação ela seja teratogênica.

A mesma conclusão podemos chegar em relação ao tecido adiposo que em excesso leva ao sobrepeso e obesidade. Os problemas de saúde causados pelo excesso de peso incluem várias doenças tais como: do coração; da vesícula biliar; artrite degenerativa e Gota; apneia do sono; diabetes; lesões de ossos e articulações; AVC, bem como câncer de ovário, mama, útero, próstata, vesícula biliar e cólon, entre outras.

Pintura de Talita Esquivel, fonte Notícias do Dia.
 Contudo, a falta de tecido adiposo é bastante problemática, uma vez que ele exerce várias funções incluindo a reserva de energia, hormonal, isolante térmico e elétrico, entre outros (ver: O Tecido Adiposo). Além disso ele tem se revelado ótima fonte de células-tronco mesenquimais. 

As células-tronco mesenquimais ou MSCs são células indiferenciadas e com capacidade para se transformarem em vários tipos celulares. Elas são encontradas em alguns tecidos do organismo adulto como a medula óssea e o tecido adiposo.Seu nome deriva do mesênquima que é um tecido embrionário formado a partir do mesoderma e que, posteriormente, se diferencia nos tecidos conjuntivos e hematopoiéticos. 

Para a Medicina elas se tornaram interessantes por sua capacidade de autorrenovação, ou seja, elas se multiplicam sem se diferenciar e assim mantém uma população constante nos tecidos. Pelo fato delas poderem se diferenciar em outros tipos celulares, acredita-se que desempenham um papel regenerativo no organismo, sendo ativadas quando necessário.


As MSCs, embora com capacidade de diferenciação mais limitada que as células-tronco embrionárias, apresentam as vantagens de facilidade de obtenção e isolamento e grande capacidade de propagação em cultura de tecidos. Além disso, elas não são imunogênicas e podem ser, teoricamente, empregadas tanto em transplantes autólogos quanto alogênicos¹ (BYDLOWSKI, et al., 2009).

Uma amostra da medula óssea pode conter cerca de 50.000 células-tronco adultas e em média 25% a 50% delas são células mesenquimais multipotentes com capacidade de se transformar em vários outros tipos de células mesodérmicas ou até mesmo em outros tipos não mesodérmicos como células nervosas ou hepáticas, quando submetidas a estímulos especiais.

O tecido adiposo, por ser bastante vascularizado, é uma rica fonte de células-tronco mesenquimais, podendo-se obter entre 10-60 milhões por amostra, das quais 95% são células-tronco mesenquimais. Assim, desde 2007, cogita-se utilizar células-tronco mesenquimais retiradas deste tecido para tratamento de condições graves ortopédicas, neurológicas e endocrinológicas, as quais envolvam a necessidade de substituição de células degeneradas.

Quem diria que a sua barriguinha poderia servir para regenerar vasos sanguíneos e tecidos musculares?” Um estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, abriu a possibilidade do uso dessas células para regenerar tecidos conjuntivos e vasos sanguíneos (ALVES, 2007/2009).

Processo de terapia com células-tronco mesenquimais do tecido adiposo, esquema modificado de Células-Tronco Brasil.

As células-tronco do tecido adiposo, assim como as da medula, não são diferenciadas, mas quando estimuladas hormonalmente, em laboratório, elas podem se transformar em qualquer tipo de célula. No caso das células da gordura, há uma tendência maior de que elas se tornem vasos sanguíneos, devido à sua localização, enquanto as da medula tendem a se tornar osteoblastos. 

O uso dessas células seria abrangente. Poderia inclusive ser uma alternativa para casos de necrose de membros inferiores provocados pelo diabetes, pois as células-tronco da gordura poderiam ser utilizadas para regenerar os vasos sanguíneos afetados tanto em casos de necrose como nos de infarto, em que o entupimento das artérias dificulta a irrigação do coração. 

O uso das células vindas do tecido adiposo é mais viável e prático para o paciente, pois o material pode ser obtido através de técnica de lipoaspiração que é menos invasiva do que uma punção no osso do quadril, por exemplo. 

As células-tronco do tecido adiposo já foram testadas com sucesso em terapias para cavalos e agora estão sendo feitos testes que permitirão o uso em humanos. Além disso, as células purificadas do lipoaspirado podem ser congeladas e preservadas para uso futuro (ALVES, 2007/2009).

Nota:
1- Nos transplantes autólogos são utilizadas as próprias células tronco do paciente, enquanto no transplante alogênico são utilizadas células tronco de um doador saudável.

Referências e links:


BYDLOWSKI, S. P. et al. (2009). Características biológicas das células-tronco mesenquimais. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. 


ESPAÇO TERAPÊUTICO DE TERESÓPOLIS. Os malefícios da obesidade

WIKIPEDIA: Células mesenquimais. 

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