As células-tronco mesenquimais do Tecido Adiposo estão se configurando numa espécie de Ave Fênix para Medicina, pois esta ave mítica simboliza a renovação, a ressurreição e a imortalidade ao renascer das próprias cinzas, assim como estas células podem representar a cura a partir de tecidos do próprio corpo.
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Tatuagem da Fênix (fonte: Pinterest). |
Há um
ditado que diz: “Há muita virtude nos maldosos e muita maldade nos virtuosos”.
Para a saúde humana este é um ditado muito válido uma vez que, muitas vezes, a diferença entre
o remédio e a saúde se define mais pelas quantidades do que pelas substâncias.
Exemplo
disso são as vitaminas lipossolúveis, pois elas causam males tanto pela falta
quanto pelo excesso. Este é o caso da Vitamina A, que é essencial à preservação
e ao funcionamento normal dos tecidos, assim como, ao crescimento e
desenvolvimento, mas há evidências indiretas de que, em excesso, durante as
primeiras semanas de gestação ela seja teratogênica.
A
mesma conclusão podemos chegar em relação ao tecido adiposo que em excesso leva
ao sobrepeso e obesidade. Os problemas de saúde
causados pelo excesso de peso incluem várias doenças tais como: do coração; da
vesícula biliar; artrite degenerativa e Gota; apneia do sono; diabetes; lesões
de ossos e articulações; AVC, bem como câncer de ovário, mama, útero, próstata,
vesícula biliar e cólon, entre outras.
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Pintura de Talita Esquivel, fonte Notícias do Dia. |
As células-tronco mesenquimais ou MSCs são
células indiferenciadas e com capacidade para se transformarem em vários tipos
celulares. Elas são encontradas em alguns tecidos do organismo
adulto como a medula óssea e o tecido adiposo.Seu nome deriva do mesênquima que é um tecido embrionário formado a partir do
mesoderma e que, posteriormente, se diferencia nos tecidos conjuntivos e hematopoiéticos.
Para a Medicina elas se tornaram interessantes por sua
capacidade de autorrenovação, ou seja, elas se multiplicam sem se diferenciar e
assim mantém uma população constante nos tecidos. Pelo fato delas poderem se
diferenciar em outros tipos celulares, acredita-se que desempenham um papel
regenerativo no organismo, sendo ativadas quando necessário.
As MSCs, embora com capacidade de diferenciação mais limitada
que as células-tronco embrionárias, apresentam as vantagens de facilidade de
obtenção e isolamento e grande capacidade de propagação em cultura de tecidos.
Além disso, elas não são imunogênicas e podem ser, teoricamente, empregadas tanto
em transplantes autólogos quanto alogênicos¹ (BYDLOWSKI, et al., 2009).
Uma amostra da medula óssea pode conter cerca de 50.000
células-tronco adultas e em média 25% a 50% delas são células mesenquimais
multipotentes com capacidade de se transformar em vários outros tipos de
células mesodérmicas ou até mesmo em outros tipos não mesodérmicos como células
nervosas ou hepáticas, quando submetidas a estímulos especiais.
O tecido adiposo, por ser bastante vascularizado, é uma rica
fonte de células-tronco mesenquimais, podendo-se obter entre 10-60 milhões por
amostra, das quais 95% são células-tronco mesenquimais. Assim, desde 2007,
cogita-se utilizar células-tronco mesenquimais retiradas deste tecido para tratamento
de condições graves ortopédicas, neurológicas e endocrinológicas, as quais
envolvam a necessidade de substituição de células degeneradas.
“Quem diria
que a sua barriguinha poderia servir para regenerar vasos sanguíneos e tecidos
musculares?” Um estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, abriu a possibilidade do uso dessas células para regenerar tecidos
conjuntivos e vasos sanguíneos (ALVES, 2007/2009).
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Processo de terapia com células-tronco mesenquimais do tecido adiposo, esquema modificado de Células-Tronco Brasil. |
As células-tronco do tecido adiposo, assim como
as da medula, não são diferenciadas, mas quando estimuladas hormonalmente, em
laboratório, elas podem se transformar em qualquer tipo de célula. No caso das
células da gordura, há uma tendência maior de que elas se tornem vasos sanguíneos,
devido à sua localização, enquanto as da medula tendem a se tornar osteoblastos.
O uso dessas células seria abrangente. Poderia inclusive ser uma alternativa para casos de necrose de membros inferiores provocados pelo diabetes, pois as células-tronco da gordura poderiam ser utilizadas para regenerar os vasos sanguíneos afetados tanto em casos de necrose como nos de infarto, em que o entupimento das artérias dificulta a irrigação do coração.
O uso das células vindas do tecido adiposo é mais viável e prático para o paciente, pois o material pode ser obtido através de técnica de lipoaspiração que é menos invasiva do que uma punção no osso do quadril, por exemplo.
As células-tronco do tecido adiposo já foram testadas com sucesso em terapias para cavalos e agora estão sendo feitos testes que permitirão o uso em humanos. Além disso, as células purificadas do lipoaspirado podem ser congeladas e preservadas para uso futuro (ALVES, 2007/2009).
Nota:
1- Nos transplantes autólogos são utilizadas as próprias células tronco do paciente, enquanto
no transplante alogênico são
utilizadas células tronco de um doador saudável.
Referências e links:
ALVES, F. (2007, atualizado em 2009). Gordurinhaque pode salvar vidas: Células-tronco presentes no tecido adiposo podem tratarproblemas causados pela má circulação. Ciência Hoje on-line.
BYDLOWSKI,
S. P. et al. (2009). Características biológicas das células-tronco mesenquimais. Revista
Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
ESPAÇO TERAPÊUTICO
DE TERESÓPOLIS. Os malefícios da obesidade.
WIKIPEDIA: Células mesenquimais.
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