O
splicing que ocorre na célula se
assemelha a um jogo, onde cada letra funciona como combinações que formam diferentes
palavras.
Se
fossemos explicar a uma pessoa da área das ciências exatas como o nosso
material genético funciona, diríamos que se assemelha a um software, com quatro letras ou variantes. Pois a informação do
nosso código genético está contida no DNA, que possui os quatro tipos
diferentes de bases aminadas.
Porém,
o nosso DNA, assim como de qualquer eucarionte, não contem informações
contínuas. Suas partes podem ou não conter informações úteis e necessitam de um
processamento prévio ou splicing.
Ou
seja, para que a informação do DNA seja transferida para as funções celulares,
ela precisa passar por um fenômeno chamado splicing
(termo usado internacionalmente que, traduzido para o português, significa “cortar
e ligar”).
Este
processo é vital para a sobrevivência da maior parte dos organismos existentes
no nosso planeta, apresentando diversas variações, tanto no reconhecimento dos
sítios de corte, quanto na escolha dos exons que serão ligados.
Os
exons
são segmentos contendo a informação que as células usarão na produção de
proteínas e, neste mesmo processo, quando há a intercalação dos segmentos,
temos os introns, que constituem a porção descartada da informação.
Nesse
contexto, o processamento do RNA se constitui num mecanismo inventado pela
célula para se livrar dos introns, unir os exons e produzir um mRNA funcional,
capaz de ser traduzido em uma proteína.
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Representação esquemática do processo de splicing (Penalva e Zorio, 2001) |
Ao
pesquisar este processamento, percebeu-se que os genes formavam mais do que um
tipo de mRNA. Assim, dependendo do splicing
os mRNA de um mesmo gene podem conter diferenças nas sequências de bases.
Ou
seja, através de splicing alternativos
é possível gerar um grande número de proteínas diferentes, a partir das
informações de poucos genes.
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Modelo de splicing alternativo, onde as letras da palavra namorado representam os exons e a linha escura os introns (Penalva e Zorio, 2001). |
O
que vai definir qual alternativa será utilizada são os sistemas de regulação
gênica. Contudo, neste processo podem ocorrer erros, gerando um produto
aberrante que leve desencadeie doenças genéticas ou até mesmo tumores.
A
biologia molecular busca encontrar mecanismos capazes de corrigir consequências
e criar ferramentas, afetando, assim, os padrões de splicing, de forma a expressar, inativar ou mudar a concentração de
reguladores, reparando-se genes afetados por deleções.
Nesse
sentido, vários testes estão sendo realizados com modelos experimentais, e têm
obtido como resultado moléculas capazes de se unirem ao RNA, interferindo na
escolha dos sítios de splicing. Porém,
ainda não se pode prever quando e como essa tecnologia poderá ser utilizada no
ser humano.
Referência:
PENALVA, Luiz O. F; ZORIO, Diego A. R. A
leitura do DNA: como é processada a informação dos genes. Ciência hoje, Rio
de Janeiro: vol. 29. p. 34 a 39, 2001.
Resumo
elaborado pelo Mestrando Luís César Minozzo
Programa
de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática
Disciplina:
Tópicos atuais em Biologia molecular, genética e evolução.
Professoras: Gládis Franck da Cunha e Vânia Elisabete Schneider
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