06 janeiro, 2014

Os desafios para a compreensão da vida!

O que é vida?

A vida é um sistema altamente organizado e contrário à tendência entrópica dominante no universo. Entretanto, esta organização é local, indivíduo a indivíduo. Por isto mesmo, ocorre a necessidade do questionamento: O que é a vida?
 
Tales de Mileto: para quem tudo nascia da água.
Respondendo a esta pergunta existe um longo caminho histórico a percorrer. A resposta começa na antiguidade. Compreender o universo era compreender a vida. Algumas ideias tentam explicar o começo da vida, como Tales e sua ideia de vida a partir da água ou Anaxímenes, vida a partir do ar.
 
Anaxímenes para quem a origem de todas as coisas era o ar.
A concepção de geração espontânea data destes primórdios representada por Aristóteles, pois ele defendia a existência de um princípio criador,  a natureza atuando para dar forma para a matéria.Já na época clássica, entre os séculos XVII e XVIII, a questão vida era uma pergunta fora do lugar já que os seres vivos são reconhecidos como tal mas estudá-los é estudar o funcionamento, como uma máquina a ser decodificada.

Esta visão levou ao surgimento das especificidades e ao estudo da forma visível, através da observação e análise cuidadosas da natureza. A pergunta representada pela vida só encontra o seu lugar quando surge o vitalismo, que dominou as ciências da natureza no século XIX.

O vitalismo consiste em reconhecer um conjunto de qualidades específicas. Este conjunto será conhecido como vida, configurando um novo campo de estudos e requerendo uma nova área de conhecimento: a biologia.

Enfim, a vida encontrou o seu lugar. Porém, surge um novo desafio: sistemas inanimados compartilham algumas características dos sistemas vivos. Então, como determinar quando a não-vida passa a ser vida?

A resposta parece estar no código genético. O desafio pode ser traduzido como: compreender o código genético é compreender a vida. Isto resulta em compreender a vida como um operar deste sistema.

Um modelo foi criado para compreender a vida por este viés, o modelo da autopoiese, onde há uma rede de produção de moléculas constituintes do ser e uma definição de suas fronteiras. Neste produzir moléculas e definir suas fronteiras, o ser vivo estaria interagindo com o meio.
 
As mãos de Echer podem simbolizar a autopoiese.
Depois de toda esta caminhada, o desafio já não é explicar o surgimento da vida mas em que condições ela surgiu. A clássica pergunta “quem surgiu primeiro: ovo ou galinha?” ganha um novo enfoque. Quem teria surgido primeiro afinal, os ácidos nucleicos ou as proteínas?

Usando a óptica do ovo, ou seja, do ácido nucleico, a vida não surge de um coacervato, não sem um código genético comandando a síntese das proteínas. Porém, a regeneração do próprio ácido nucleico deveria ser mais rápida que a degradação. Neste modo de responder a pergunta fica uma questão: como isso seria possível?
 
O que veio primeiro? 
Usando a óptica da galinha, experimentos foram criados para mostrar que em ambientes altamente energizados, os aminoácidos poderiam ser formados e as altas temperaturas nos mares primitivos poderiam favorecer a formação de polipeptídeos. As ressalvas neste caso são representadas pelo fato de que a atmosfera primitiva não era redutora como se esperaria e não havia enzimas para garantir as ligações peptídicas.

Um consenso, uma solução possível para este dilema parece estar mesmo na autopoiese, onde o organismo se autorregula e ocorre a já referida rede de produção de moléculas, mudando enfim o foco de saber como a vida surgiu para entender como a vida funciona.

Fonte: ANDRADE, L.A.B, SILVA, E.P O que é a vida in Ciência Hoje, vol. 32 • nº 191, pp 16-23, mar/2003.

Resumo elaborado por: Marcus Vinicius Veiga Serafim
Disciplina: Tópicos atuais em Biologia molecular, genética e evolução
Professoras: Gládis Franck da Cunha (ilustrações) e Vânia Elisabete Schneider
Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Universidade de Caxias do Sul

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