![]() |
O que é vida? |
A vida é um sistema altamente
organizado e contrário à tendência entrópica dominante no universo. Entretanto,
esta organização é local, indivíduo a indivíduo. Por isto mesmo, ocorre a
necessidade do questionamento: O que é a vida?
Respondendo a esta pergunta
existe um longo caminho histórico a percorrer. A resposta começa na
antiguidade. Compreender o universo era compreender a vida. Algumas ideias
tentam explicar o começo da vida, como Tales e sua ideia de vida a partir da
água ou Anaxímenes, vida a partir do ar.
Anaxímenes para quem a origem de
todas as coisas era o ar.
A concepção de geração espontânea
data destes primórdios representada por Aristóteles, pois ele defendia a
existência de um princípio criador, a
natureza atuando para dar forma para a matéria.Já na época clássica, entre os
séculos XVII e XVIII, a questão vida era uma pergunta fora do lugar já que os
seres vivos são reconhecidos como tal mas estudá-los é estudar o funcionamento,
como uma máquina a ser decodificada.
Esta visão levou ao surgimento
das especificidades e ao estudo da forma visível, através da observação e
análise cuidadosas da natureza. A pergunta representada pela vida só encontra o
seu lugar quando surge o vitalismo, que dominou as ciências da natureza no
século XIX.
O vitalismo consiste em
reconhecer um conjunto de qualidades específicas. Este conjunto será conhecido
como vida, configurando um novo campo de estudos e requerendo uma nova área de
conhecimento: a biologia.
Enfim, a vida encontrou o seu
lugar. Porém, surge um novo desafio: sistemas inanimados compartilham algumas
características dos sistemas vivos. Então, como determinar quando a não-vida
passa a ser vida?
A resposta parece estar no código
genético. O desafio pode ser traduzido como: compreender o código genético é
compreender a vida. Isto resulta em compreender a vida como um operar deste
sistema.
Um modelo foi criado para
compreender a vida por este viés, o modelo da autopoiese, onde há uma rede de
produção de moléculas constituintes do ser e uma definição de suas fronteiras.
Neste produzir moléculas e definir suas fronteiras, o ser vivo estaria
interagindo com o meio.
Depois de toda esta caminhada, o
desafio já não é explicar o surgimento da vida mas em que condições ela surgiu.
A clássica pergunta “quem surgiu primeiro: ovo ou galinha?” ganha um novo
enfoque. Quem teria surgido primeiro afinal, os ácidos nucleicos ou as
proteínas?
Usando a óptica do ovo, ou seja,
do ácido nucleico, a vida não surge de um coacervato, não sem um código
genético comandando a síntese das proteínas. Porém, a regeneração do próprio
ácido nucleico deveria ser mais rápida que a degradação. Neste modo de
responder a pergunta fica uma questão: como isso seria possível?
Usando a óptica da galinha,
experimentos foram criados para mostrar que em ambientes altamente energizados,
os aminoácidos poderiam ser formados e as altas temperaturas nos mares
primitivos poderiam favorecer a formação de polipeptídeos. As ressalvas neste
caso são representadas pelo fato de que a atmosfera primitiva não era redutora
como se esperaria e não havia enzimas para garantir as ligações peptídicas.
Um consenso, uma solução possível
para este dilema parece estar mesmo na autopoiese, onde o organismo se
autorregula e ocorre a já referida rede de produção de moléculas, mudando enfim
o foco de saber como a vida surgiu para entender como a vida funciona.
Fonte: ANDRADE, L.A.B, SILVA, E.P O que é a vida in Ciência Hoje, vol. 32
• nº 191, pp 16-23, mar/2003.
Resumo elaborado por: Marcus
Vinicius Veiga Serafim
Disciplina: Tópicos atuais em
Biologia molecular, genética e evolução
Professoras: Gládis Franck da
Cunha (ilustrações) e Vânia Elisabete Schneider
Programa de Pós-graduação em
Ensino de Ciências e Matemática
Universidade de Caxias do Sul
Nenhum comentário:
Postar um comentário