15 julho, 2013

Os temas recorrentes da filosofia e as questões ambientais.

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Os répteis de Escher
I. A história e o nada.

O percurso da filosofia é marcado pela tematização em diversos níveis, metafísico, histórico, ontológico, dialético, científico, etc.

Em nível histórico, a recorrência mais amiúde é estabelecer ligações entre o pensamento antigo e as atuais questões. Para que não seja cometido o erro grosseiro da rejeição pura e simples dos antigos pressupostos, é necessário que os fundamentos da filosofia grega sejam vistos sob um ponto de vista amplo que contemple desde o contexto sociopolítico daquela época até a precariedade dos nossos atuais paradigmas.

Visto desta maneira, o processo histórico é uma ação continuada de tentativa de resolução de problemas, sem, contudo, jamais ter chegado à materialidade das utopias.

As aulas de filosofia devem ser marcadas por movimentos sistólicos quando se mergulha no passado e diastólicos quando a volta ao presente se faz imperiosa para a promoção das devidas correlações, repetindo em pequena escala o pulsar da própria história.

Além disso, o leitmotiv das discussões deve propiciar que as mentes tais quais naus singrem outros mares levando ao quase naufrágio quando surge a tempestade do NADA. Assunto sempre comovente e arrebatador, que pode provocar um estado de clímax entre os debatedores, com suas bochechas vermelhas e riso nervoso geral frente aos entes assombrosos com quem se pode vir a digladiar, nestas horas: o não-ser, o infinito e as asperezas daquilo que jamais virá a ser.

II. Das palavras gregas às preocupações com a Natureza.

Para quem se atrever a estudar filosofia, as palavras “gregas” deixarão de ser tão gregas, apesar da ininteligibilidade dos caracteres na língua original. É possível um bom nível de compreensão a partir das transliterações de arete, episteme, doxa, dianoia, eudaimonia, eidos, noesis, monada, logos, logoi, ousia, polis, eudaimonia, physis.

Estas são palavras que frequentam com naturalidade as leituras dos textos filosóficos. Mas, apesar das palavras serem gregas para o vulgo, as ideias que elas representam estão profundamente inculcadas no senso comum, assim como os romanos foram engolidos pela cultura grega, continuamos a respirar os mesmos ares que animaram Parmênides, Zenão, Anaxágoras, Protágoras, Sócrates, Demócrito e tantos outros.

Percebe-se cada vez mais o quanto o pensamento grego está arraigado na psique ocidental, pois a nossa metafísica é grega, como se lá dentro de cada um, o espírito ostentasse as mesmas vestes longas e pregueadas das estátuas antigas.

A primeira década do século XXI comportou uma onda de renascimento da filosofia no Brasil, que  voltou com força aos currículos escolares, principalmente no ensino particular. Na mídia, o exemplo foi o programa Fantástico da Globo(2005) que abriu um quadro sobre filosofia.

Este renascimento tem suas raízes na retomada de problemas de fundo que haviam sido esquecidos. O principal deles é a volta do foco das preocupações sobre a natureza. Séculos de uso da natureza como fornecedora de meios de sobrevivência e produtora de objetos de prazer, geraram uma filosofia ufanizadora do domínio humano sobre os elementos naturais.

Atualmente, o ser humano se dá conta de que a sua pretensa supremacia sobre a natureza não passava de castelos de areia. Uma nova problemática surgiu desde que se começou a falar insistentemente que a ação humana esteja desencadeando as mudanças climáticas globais.

Tais discussões põem o homem diante da consequência dos seus atos e, paulatinamente, o levam a descobrir que ele desencadeou um descontrole em sistemas, os quais sempre foram considerados regulares e previsíveis. Nesses momentos retorna a necessidade da reflexão filosófica, para que se vislumbre uma direção e não se tropece sobre os próprios passos.

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