02 dezembro, 2012

HISTOLOGIA DE NERVOS PERIFÉRICOS

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Os nervos juntamente com os gânglios nervosos formam o Sistema Nervoso Periférico, possibilitando a comunicação entre as decisões do cérebro aos órgãos efetores pela via EFERENTE. Eles também levam as informações dos receptores sensoriais ao cérebro, através da via AFERENTE.

Como o funcionamento da maioria dos órgãos depende de controle nervoso, os danos ao sistema nervoso periférico podem inviabilizar certas funções orgânicas e, em alguns casos, provocar a morte.

OS NERVOS
Os nervos são formados por feixes de axônios revestidos por tecido conjuntivo, ou seja, um nervo é uma estrutura de forma semelhante a um cabo. Como a transmissão do impulso nervoso é do tipo ‘mão única’ há nervos aferentes e nervos eferentes.

Nervos aferentes conduzem sinais sensoriais (da pele ou dos órgãos dos sentidos, por exemplo) para o sistema nervoso central (por exemplo, o nervo óptico), enquanto nervos eferentes conduzem sinais estimulatórios do sistema nervoso central para os órgãos efetores, como músculos e glândulas (o nervo ciático, por exemplo). Alguns nervos podem ser mistos e serem compostos tanto por fibras aferentes como eferentes.

Dependendo de sua origem os nervos podem ser: raquidianos ou cranianos.

Os nervos raquidianos são também chamados de espinais e partem da medula nervosa. No ser humano constituem 31 pares. Estes nervos se ligam, simultaneamente, a músculos e a células sensoriais, possuindo duas raízes, sendo a de região ventral constituída de fibras motoras, e a de região dorsal, de fibras sensoriais.

Dessa forma, estes 31 pares são considerados nervos mistos. Lesões provocadas na raiz motora, por exemplo, podem fazer com que o indivíduo tenha paralisia sem, no entanto, perder a sensibilidade. Já no caso de lesões na raiz sensorial, pode haver perda de sensibilidade sem, no entanto, haver alterações no tônus muscular.

Os nervos cranianos partem diretamente do encéfalo. No ser humano constituem 12 pares.

Os nervos periféricos contêm uma quantidade considerável de tecido conjuntivo. Todo o nervo está rodeado por uma camada espessa de tecido conjuntivo denso, o epineuro. As fibras nervosas são frequentemente agrupadas em conjuntos distintos, os fascículos, envolvidos pelo perineuro. O espaço entre as fibras nervosas individuais é preenchido por tecido conjuntivo frouxo, o endoneuro. 

A resistência dos nervos depende da estrutura de seus envoltórios.

Epineuro: é o envoltório mais externo, que envolve todo o nervo e é constituído por tecido conjuntivo denso bastante fibroso. Além de revestir, o epineuro preenche os espaços entre os feixes de fibras nervosas. Este envoltório não está presente em nervos pequenos.

Perineuro: o perineuro é constituído por várias camadas de células achatadas justapostas unidas por junções oclusivas. Estas camadas de células justapostas funcionam como uma barreira à passagem de várias moléculas, desse modo, se constituindo numa forma de defesa contra agentes agressivos. Cada perineuro envolve um fascículo de fibras nervosas. Na sua essência, um fascículo é um grupo de fibras nervosas rodeadas por perineuro, ou seja, o perineuro é um revestimento de múltiplas camadas epiteliais que cerca fascículos individuais. 

Em termos de organização, os fascículos podem ser: 1- monofasciculares - com apenas um fascículo grande; 2- oligofasciculares com poucos fascículos de vários tamanhos; 3- polifasciculares com muitos fascículos de vários tamanhos.

Endoneuro: é um envoltório de fibras colágenas presente em cada fibra nervosa, constituído pelas células de Schwann, uma lâmina basal e um envoltório conjuntivo frouxo rico em fibras reticulares. Um conjunto de fibras nervosas, com os seus respectivos endoneuros, forma um fascículo, sendo esse fascículo revestido pelo perineuro. Ou seja, cada fascículo contém muitas fibras nervosas e vasos sanguíneos capilares embutidos em um tecido conjuntivo frouxo: o endoneuro.


Fibras nervosas: Uma fibra nervosa é composta de um axônio e sua bainha. Cada axônio no sistema nervoso periférico é rodeado por uma bainha de células de Schwann, as quais são muito ricas em lipídios e não se coram pela técnica HE.

Representação esquemática da formação da bainha de mielina por uma célula de Schwann

Uma célula de Schwann pode enrolar-se no axônio formando várias camadas, a chamada bainha de mielina. 
Já no caso das fibras nervosas amielínicas, uma mesma célula de Schwann pode circundar até 30 axônios separados. 

Ou seja, as fibras amielínicas ou não mielinizadas são compostas por vários axônios, envoltos por uma mesma célula de Schwann, enquanto os axônios de fibras nervosas mielinizadas são envolvidos, individualmente, por uma única célula de Schwann.


Essa camada protetora, denominada neurilema, produz um isolamento elétrico entre o meio intracelular e o meio extracelular. 

Contudo, nessas fibras mielinizadas há intervalos regulares onde não há mielina e, portanto, não há isolamento elétrico entre os dois meios separados pela membrana plasmática do axônio. Nesses locais, conhecidos como nódulos de Ranvier, ocorre a despolarização da membrana, fato responsável pelo potencial de ação e pelo impulso saltatório.
NR - nódulo de Ranvier; CS - célula da Schwann.

Conforme os axônios apresentam ou não a bainha de mielina, os nervos são classificados em mielínicos (nervos brancos) e a amielínicos (nervos cinzentos). Os nervos sensoriais e motores costumam conter os dois tipos de fibras numa proporção de 4:1, respectivamente, quatro mielínicas para uma amielínica.

Nota: no Sistema Nervoso Central a camada de mielina é produzida pelos oligodendrócitos, enquanto no Sistema Nervoso Periférico, é produzida pelas células de Schwann. Outro tipo de fibra, denominada amielínica, não apresenta essa camada protetora lipídica. Nessas fibras, o impulso nervoso se propaga com uma velocidade menor, pois não se dá em "saltos".
  
Leituras complementares:

Referências e links:
1- Bartleby – Great books on-line. Henry Gray (1821–1865).  Anatomy of the HumanBody.  1918: The Sympathetic Nerves
2- Brasil escola – Nervos 
3- JUNQUEIRA, L.C.U. ; CARNEIRO J. Histologia Básica. 10ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
4- School of Anatomy and Human Biology - The University of Western Australia. Blue Histology - Nervous Tissue 
5- The New York School of Regional Anesthesia. Complicationsof Peripheral Nerve Blocks 
6- Wikipedia- Nervo 

Outras fontes de imagens:
MILLETTE   
J.KIMBALL- Biology Pages 

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