10 novembro, 2012

Darwin se maravilha com as marismas cariocas!

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Imagem retirada de UFBA

Marisma: é um ecossistema úmido com plantas herbáceas (ervas) que crescem na água. Não confundir marisma com pântano, pois eles são ecossistemas diferentes. Enquanto o segundo está dominado por árvores, o primeiro está por herbáceas. Seu tipo água é determinado de acordo com sua localização.

Marismas costeiras podem estar associadas a estuários contendo água salobra e solos arenosos. Frequentando por inúmeras espécies, desde algas planctônicas, até um grande variedade de flora e fauna.

Ainda no Rio de Janeiro   Darwin descreve paisagens  relacionadas com o ecossistema do tipo estuário, que é a parte terminal de um rio ou lagoa que se encontra em contato com o mar, sofrendo influência das marés e descargas de água doce de terra, possuindo água com mais sais dissolvidos que a água doce e em menor quantidade de sais que a água do mar.

Tais ambientes ecológicos são de grande importância, devido aos mosaicos de ecossistemas presentes, os quais são caracterizados, em geral, por elevada produtividade biológica. Isso não passou desapercebido ao olhar atento de Darwin, que comentou:

DarwinDeixando Mandetiba, pusemo-nos novamente a atravessar um intrincado deserto de lagoas. Em algumas havia conchas de água doce; em outras de água salgada. Entre as conchas de água salgada, encontrei grande profusão de Limnaea numa das lagoas, que segundo me afirmaram os habitantes, o mar invadia uma vez por ano, e mesmo mais frequentemente, de sorte que água bastante salgada.
Lagoas à beira Mar: Marismas 
Darwin: Não tenho dúvida nenhuma de que se poderiam observar muitos fatos interessantes sobre animais de água doce e salgada nesta cadeia de lagunas que margina a costa do Brasil. M. Gay’ declarou haver encontrado, nas imediações do Rio, conchas marinhas do gênero Solen e Mytilus e conchas de água doce, Ampullaridae, vivendo juntas em água salobra. Observei também, frequentemente, numa laguna próxima ao Jardim Botânico, onde a água é apenas menos salgada que no mar, uma espécie de Hydrophilus, muito semelhante a um coleóptero comumente encontrado nos fossos da Inglaterra. N referida laguna a única concha encontrada pertencia a um gênero habitual dos estuários.

Emboram não sejam exatamente dos espécimes descritos, as imagens abaixo ilustram os gêneros e famílias descritos.
Moluscos - Longueirão forma das espécies dos gênero  Solen 
Mytilus edulis - espécie de mexilhão
Caracol maçã, espécie de água doce da família Ampullaridae
Hydrophilus sp.

Darwin: Abandonando por algum tempo a costa, novamente penetramos na floresta. As árvores que se viam eram de grande altura e bastante notáveis pela brancura do tronco, quando comparadas às da Europa. Vejo pelo meu caderno de notas que as “maravilhosas parasitas com belíssimas flores” invariavelmente me pareceram ser a nota culminante da grandiosidade destas paisagens.

O que Darwin descreve como “maravilhosas parasitas” são, provavelmente, plantas epífitas como as bromélias ou orquídeas, que abundam na flora brasileira.
Bromélias epífitas
Orquídea epífita
Darwin: Prosseguindo na nossa excursão, atravessamos extensas pastagens que grande dano sofriam com a presença de enormes formigueiros cônicos atingindo uma altura de quase quatro metros. Davam à planície a aparência exata dos vulcões de barro em Jorullo, mencionados por Humboldt. 

A imagem abaixo prova que Darwin não estava exagerando.

Formigueiro Gigante
Darwin: Era já noite, chegamos ao Engenho, depois de termos andado dez horas a cavalo. Durante toda a jornada, nunca cessei de me admirar da grande resistência dos cavalos, tendo notado que estes animais parecem restabelecer-se muito mais depressa de um acidente do que os nossos da Inglaterra. Os morcegos são muita vez a causa de grande transtorno, quando mordem os cavalos na junta do pescoço. O mal, geralmente, não é devido tanto à perda de sangue, como à inflamação que depois se produz pelo atrito da sela [...].

Referências e fontes:
1- Bug Guide
2- CARDOSO, André. Glossário das Zonas Costeiras. Gestão Costeira Integrada. 2007.
3- DARWIN, C., Viagem de um Naturalista ao Redor do Mundo - Vol.1, Nova edição, 1871. Abril Cultural. Companhia Brasil Editora, São Paulo, s/d. Tradução de J. Carvalho.
4- ISAAC. El caracol Manzana. El gran zoo, 2008.
5- Kalipedia.com
6- KELLER, Carlos. Cattleya forbesii ilha d’aguaMundo das Orquídeas.
7- MIRANDA, Maura. Insetos e sua sociedadeBiologia Nota 10. 19 de maio de 2010.
8- RECHI, Edson. Caracterização do ambiente estuarinoVitoria Reef – fórum de aquarismo. Setembro/2008.
9- SCHILLING, Voltaire. Darwin no Brasil-Parte II. Notícias Terra.
10- UFBA, Zona Costeira.bio: Marismas


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