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Imagem de Elisabeth Teixeira |
Laura de
Mello e Souza comenta que os navegadores desde Cristóvão Colombo acreditavam
mais em coisas que haviam ouvido falar do que o que tinham diante dos próprios
olhos. Quando nos deparamos com imagens que provocam ilusão de ótica,
percebemos que eles não estavam totalmente sem razão.
“O peso da audição explica a importância
atribuída às blasfêmias, que nos países ibéricos integravam o grupo dos crimes
morais e ficavam sujeitas à Inquisição” (Laura de Mello e Souza, 2012).
Começamos a
escutar ainda dentro do útero, enquanto abrimos os olhos após o nascimento, aos
poucos e vamos aprendendo a perceber as imagens até os dois anos de idade,
quando o córtex visual completa seu período crítico de estruturação.
O morcego
depende unicamente de sua audição para localização e locomoção, bem como para a
maioria das espécies de mamíferos este é o sentido menos importante para sua
adaptação ao ambiente. Ao contrário dos olhos, os ouvidos não se fecham,
mantendo os vertebrados terrestres e alguns aquáticos, ligados aos sons para
identificação de possíveis sinais de alerta.
Na espécie humana, a falta de audição
prejudica o acesso ao conhecimento científico, pois ainda não se desenvolveram
sinais para estes conceitos. Na antiguidade, acreditava-se que as pessoas só
aprendiam por meio da palavra ouvida, o que excluía os surdos. Isto só foi
contestado a partir da Idade Média (BARRAL; PINTO-SILVA; RUMJANEK,2012).
Anatomia do ouvido ou orelha
O ouvido
humano, como o dos outros mamíferos, é uma estrutura de recepção de sinais sensoriais,
capaz de converter as ondas sonoras em impulsos nervosos, transmitindo-os ao
cérebro, que os lê e interpreta.
Os sentidos de olfato, paladar e visão envolvem reações químicas, mas o sistema auditivo é baseado somente em movimentos físicos.
Este sistema extremamente complexo é o primeiro dos cinco sentidos que se desenvolve no feto.
Os sentidos de olfato, paladar e visão envolvem reações químicas, mas o sistema auditivo é baseado somente em movimentos físicos.
Este sistema extremamente complexo é o primeiro dos cinco sentidos que se desenvolve no feto.
1- Ouvido ou orelha externa: serve
para coletar o som e o levar por um canal ao ouvido médio.
Esta estrutura é constituída pelo
pavilhão auricular, que funciona como uma antena e capta as ondas sonoras. Em
função da sua forma e tamanho possibilita maior ou menor captação do som.
Também faz parte do ouvido externo o
canal auditivo externo, onde é produzida a cera e as ondas de pressão são
conduzidas até ao tímpano. Devido ao comprimento do canal, ele é capaz de
amplificar os sons com frequências de aproximadamente 3000 Hz.
À medida que o som propaga através do ouvido
externo, o som ainda está na forma ondulatória, com uma sequência alternada de
regiões de pressões mais baixas e mais altas. Somente quando o som alcança o
tímpano, na separação do ouvido externo e médio, a energia da onda é convertida
em vibrações pela estrutura óssea do ouvido.
2- Ouvido ou orelha média: serve para
transformar a energia ondulatória (onda sonora) em movimentos mecânicos que
amplificam o sinal e produzem uma onda de compressão no fluido que preenche o
ouvido interno.
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No detalhe: 1- martelo; 2- bigorna; 3- estribo. |
O ouvido médio é uma cavidade cheia de
ar, na qual se alojam os três menores ossos do corpo humano: o martelo, a
bigorna e o estribo. Estes três ossículos do ouvido médio são interconectados
entre si e com o tímpano, o martelo de liga ao tímpano, o estribo se liga à
membrana que separa o ouvido interno do médio e a bigorna conecta estes dois
ossos.
O tímpano é uma membrana muito durável
e bem esticada que vibra quando a onda sonora a alcança. As vibrações do
TÍMPANO chegam até esses três pequenos ossos que vibram na mesma frequência da
onda, amplificando o som como um sistema de alavancas.
Esta característica
aumenta nossa possibilidade de ouvir os sons mais fracos. Quando os músculos
tensores do tímpano e do estribo se contraem, ocorre tração desses ossículos,
com redução na transmissão do som.
Além de estar conectado ao ouvido
interno, a cavidade cheia de ar do ouvido médio está ligada à trompa de
Eustáquio e à boca. Esta conexão permite a equalização da pressão das cavidades
cheias de ar do ouvido. Quando esta passagem fica congestionada devido a um
resfriado, a cavidade do ouvido é impossibilitada de equalizar sua pressão;
isto frequentemente leva a dores de ouvidos.
3- Ouvido ou orelha interna: serve
para transformar a energia da onda de compressão em impulsos nervosos que podem
ser transmitidos ao cérebro.
O ouvido interno é formado pela
cóclea, pelos canais semicirculares e o nervo auditivo.
A cóclea e os canais
semicirculares são cheios de um líquido chamado de perilinfa.
Os canais semicirculares não têm
função na audição eles participam da manutenção do equilíbrio do corpo.
A cóclea é um tubo ósseo enrolado em
forma de um caracol, que se fosse esticado formaria um tubo de até 3 cm . Esta é a porção do
ouvido interno dos mamíferos onde se encontra o órgão de Corti, que contém os
terminais nervosos responsáveis pela audição. Ela é composta por três tubos
individuais, colados um ao lado do outro, mas separados por membranas, formando
as três escalas: 1- escala vestibular (superior); 2- escala coclear (média); 3- escala timpânica (inferior).
Na escala coclear é onde se encontra o
Órgão de Corti com as células ciliadas responsáveis pela transformação dos
movimentos mecânicos do líquido colcear em impulsos elétricos que estimulam os
neurônios do sentido da audição.
Em
resumo: na cóclea, os
estímulos mecânicos (vibrações induzidas pelas ondas sonoras) sofrem transdução
em potenciais de ação (fenômenos elétricos), que são levados ao sistema nervoso
central através do nervo coclear.
Fisiologia
da audição
1- O som é transformado em vibrações
pela membrana timpânica e transmitido através da cadeia de ossículos até a
janela oval.
2- O tímpano vibra com as ondas
sonoras.
3- Os ossículos do ouvido funcionam
como alavancas, as quais transformam as vibrações da membrana timpânica em
deslocamentos mecânicos, que são exercidos pelo estribo e janela oval na
perilinfa da escala vestibular.
4- As vibrações que chegam à perilinfa
da escala vestibular são transmitidas à escala média, passando à escala
timpânica e dissipam-se na janela redonda.
5- Na cóclea, a sensibilidade aos sons
varia de acordo com a região. Os sons agudos são captados principalmente na
base da cóclea, ao passo que os sons mais graves são captados principalmente
pelo seu ápice.
Reveja todas estas etapas no vídeo abaixo:
Perda de Audição: Vários motivos podem
explicar a perda da capacidade auditiva. Um deles, segundo estudo da Brigham
and Women's Hospital, dos Estados Unidos, associa o consumo regular de
aspirina, acetaminofen e anti-inflamatórios não esteroides ao aumento do risco
de perda auditiva, especialmente nos homens com menos de 60 anos (WIKIPEDIA).
Audição em outros vertebrados:
1- Os peixes possuem uma linha lateral que capta
vibrações da água e alguns sons emitidos por outros animais, os peixes
apresentam o ouvido interno, o qual está mais relacionado ao equilíbrio do que à
audição.
2- Nos
vertebrados terrestres: o ouvido possui a capacidade de amplificar sons. Nos anfíbios, a membrana timpânica ou
tímpano amplia o som e transmite as vibrações para o ouvido médio.
3- Nos répteis e nas aves ocorre o mesmo processo que nos anfíbios. A diferença está
mais na parte externa, pois os répteis e as aves já apresentam um pavilhão
auditivo externo rudimentar e o tímpano fica em uma depressão da cabeça: o
ouvido médio.
Coda: A psicologia, a acústica e a
psicoacústica estudam a forma como percebemos os fenômenos sonoros. Uma
aplicação particularmente importante da percepção auditiva é a música.
Os
princípios gerais da percepção estão presentes na música. Entre os fatores
considerados no estudo da percepção auditiva estão: percepção de timbres; percepção
de alturas ou frequências; percepção de intensidade sonora ou volume; percepção
rítmica, que na verdade é uma forma de percepção temporal; localização
auditiva, um aspecto da percepção espacial, que permite distinguir o local de
origem de um som (WIKIPEDIA).
Referências e links:
1- AMIGOS DA AUDIÇÃO. Audição.
2- BARRAL, Julia; PINTO-SILVA, Flávio Eduardo; RUMJANEK, Vivian
M. O acesso difícil dos surdos ao saber
científico. Ciência Hoje, vol.
50, n. 296, p.26-31, setembro, 2012.
3- INFO ESCOLA. Cóclea.
4- SHERER, André F. Ouvidos.
5- SOUZA, Laura M. Os
sentidos de outrora. Ciência Hoje,
vol. 50, n. 295, p.81, agosto, 2012.
6- RADIO BIO. Anatomia do Ouvido.
7- VIAGEM AO MUNDO DA AUDIÇÃO. O ouvido externo (E), médio (M)e interno (I) no Homem. Cóclea - generalidades.
9- ZUMBINDO NOS OUVIDOS. Condicionamento de som: uma das formasde combate ao zumbido.
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