22 outubro, 2012

Audição: um sentido confiável.

por
Imagem de Elisabeth Teixeira
Desde a Idade Média até a Revolução Industrial a visão era considerada o mais superficial dos sentidos, por outro lado, a audição era considerada mais confiável e importante percepção humana.

Laura de Mello e Souza comenta que os navegadores desde Cristóvão Colombo acreditavam mais em coisas que haviam ouvido falar do que o que tinham diante dos próprios olhos. Quando nos deparamos com imagens que provocam ilusão de ótica, percebemos que eles não estavam totalmente sem razão.

O peso da audição explica a importância atribuída às blasfêmias, que nos países ibéricos integravam o grupo dos crimes morais e ficavam sujeitas à Inquisição(Laura de Mello e Souza, 2012).

Começamos a escutar ainda dentro do útero, enquanto abrimos os olhos após o nascimento, aos poucos e vamos aprendendo a perceber as imagens até os dois anos de idade, quando o córtex visual completa seu período crítico de estruturação.

O morcego depende unicamente de sua audição para localização e locomoção, bem como para a maioria das espécies de mamíferos este é o sentido menos importante para sua adaptação ao ambiente. Ao contrário dos olhos, os ouvidos não se fecham, mantendo os vertebrados terrestres e alguns aquáticos, ligados aos sons para identificação de possíveis sinais de alerta.

Na espécie humana, a falta de audição prejudica o acesso ao conhecimento científico, pois ainda não se desenvolveram sinais para estes conceitos. Na antiguidade, acreditava-se que as pessoas só aprendiam por meio da palavra ouvida, o que excluía os surdos. Isto só foi contestado a partir da Idade Média (BARRAL; PINTO-SILVA; RUMJANEK,2012).



Anatomia do ouvido ou orelha



O ouvido humano, como o dos outros mamíferos, é uma estrutura de recepção de sinais sensoriais, capaz de converter as ondas sonoras em impulsos nervosos, transmitindo-os ao cérebro, que os lê e interpreta. 

Os sentidos de olfato, paladar e visão envolvem reações químicas, mas o sistema auditivo é baseado somente em movimentos físicos. 

Este sistema extremamente complexo é o primeiro dos cinco sentidos que se desenvolve no feto.

1- Ouvido ou orelha externa: serve para coletar o som e o levar por um canal ao ouvido médio.

Esta estrutura é constituída pelo pavilhão auricular, que funciona como uma antena e capta as ondas sonoras. Em função da sua forma e tamanho possibilita maior ou menor captação do som.

Também faz parte do ouvido externo o canal auditivo externo, onde é produzida a cera e as ondas de pressão são conduzidas até ao tímpano. Devido ao comprimento do canal, ele é capaz de amplificar os sons com frequências de aproximadamente 3000 Hz.

 À medida que o som propaga através do ouvido externo, o som ainda está na forma ondulatória, com uma sequência alternada de regiões de pressões mais baixas e mais altas. Somente quando o som alcança o tímpano, na separação do ouvido externo e médio, a energia da onda é convertida em vibrações pela estrutura óssea do ouvido.


2- Ouvido ou orelha média: serve para transformar a energia ondulatória (onda sonora) em movimentos mecânicos que amplificam o sinal e produzem uma onda de compressão no fluido que preenche o ouvido interno.
No detalhe: 1- martelo; 2- bigorna; 3- estribo.

O ouvido médio é uma cavidade cheia de ar, na qual se alojam os três menores ossos do corpo humano: o martelo, a bigorna e o estribo. Estes três ossículos do ouvido médio são interconectados entre si e com o tímpano, o martelo de liga ao tímpano, o estribo se liga à membrana que separa o ouvido interno do médio e a bigorna conecta estes dois ossos.

O tímpano é uma membrana muito durável e bem esticada que vibra quando a onda sonora a alcança. As vibrações do TÍMPANO chegam até esses três pequenos ossos que vibram na mesma frequência da onda, amplificando o som como um sistema de alavancas. 

Esta característica aumenta nossa possibilidade de ouvir os sons mais fracos. Quando os músculos tensores do tímpano e do estribo se contraem, ocorre tração desses ossículos, com redução na transmissão do som.

Além de estar conectado ao ouvido interno, a cavidade cheia de ar do ouvido médio está ligada à trompa de Eustáquio e à boca. Esta conexão permite a equalização da pressão das cavidades cheias de ar do ouvido. Quando esta passagem fica congestionada devido a um resfriado, a cavidade do ouvido é impossibilitada de equalizar sua pressão; isto frequentemente leva a dores de ouvidos.

3- Ouvido ou orelha interna: serve para transformar a energia da onda de compressão em impulsos nervosos que podem ser transmitidos ao cérebro.

O ouvido interno é formado pela cóclea, pelos canais semicirculares e o nervo auditivo. 

A cóclea e os canais semicirculares são cheios de um líquido chamado de perilinfa.

Os canais semicirculares não têm função na audição eles participam da manutenção do equilíbrio do corpo.  

A cóclea é um tubo ósseo enrolado em forma de um caracol, que se fosse esticado formaria um tubo de até 3 cm. Esta é a porção do ouvido interno dos mamíferos onde se encontra o órgão de Corti, que contém os terminais nervosos responsáveis pela audição. Ela é composta por três tubos individuais, colados um ao lado do outro, mas separados por membranas, formando as três escalas: 1- escala vestibular (superior);  2- escala coclear (média); 3-  escala timpânica (inferior).

Na escala coclear é onde se encontra o Órgão de Corti com as células ciliadas responsáveis pela transformação dos movimentos mecânicos do líquido colcear em impulsos elétricos que estimulam os neurônios do sentido da audição.

Em resumo: na cóclea, os estímulos mecânicos (vibrações induzidas pelas ondas sonoras) sofrem transdução em potenciais de ação (fenômenos elétricos), que são levados ao sistema nervoso central através do nervo coclear.

Fisiologia da audição

1- O som é transformado em vibrações pela membrana timpânica e transmitido através da cadeia de ossículos até a janela oval.

2- O tímpano vibra com as ondas sonoras.

3- Os ossículos do ouvido funcionam como alavancas, as quais transformam as vibrações da membrana timpânica em deslocamentos mecânicos, que são exercidos pelo estribo e janela oval na perilinfa da escala vestibular.

4- As vibrações que chegam à perilinfa da escala vestibular são transmitidas à escala média, passando à escala timpânica e dissipam-se na janela redonda.

5- Na cóclea, a sensibilidade aos sons varia de acordo com a região. Os sons agudos são captados principalmente na base da cóclea, ao passo que os sons mais graves são captados principalmente pelo seu ápice.

Reveja todas estas etapas no vídeo abaixo: 




Perda de Audição: Vários motivos podem explicar a perda da capacidade auditiva. Um deles, segundo estudo da Brigham and Women's Hospital, dos Estados Unidos, associa o consumo regular de aspirina, acetaminofen e anti-inflamatórios não esteroides ao aumento do risco de perda auditiva, especialmente nos homens com menos de 60 anos (WIKIPEDIA).

Audição em outros vertebrados:

1- Os peixes possuem uma linha lateral que capta vibrações da água e alguns sons emitidos por outros animais, os peixes apresentam o ouvido interno, o qual está mais relacionado ao equilíbrio do que à audição.

2- Nos vertebrados terrestres: o ouvido possui a capacidade de amplificar sons. Nos anfíbios, a membrana timpânica ou tímpano amplia o som e transmite as vibrações para o ouvido médio.

3- Nos répteis e nas aves ocorre o mesmo processo que nos anfíbios. A diferença está mais na parte externa, pois os répteis e as aves já apresentam um pavilhão auditivo externo rudimentar e o tímpano fica em uma depressão da cabeça: o ouvido médio.

Coda: A psicologia, a acústica e a psicoacústica estudam a forma como percebemos os fenômenos sonoros. Uma aplicação particularmente importante da percepção auditiva é a música. 

Os princípios gerais da percepção estão presentes na música. Entre os fatores considerados no estudo da percepção auditiva estão: percepção de timbres; percepção de alturas ou frequências; percepção de intensidade sonora ou volume; percepção rítmica, que na verdade é uma forma de percepção temporal; localização auditiva, um aspecto da percepção espacial, que permite distinguir o local de origem de um som (WIKIPEDIA).

Referências e links:
1- AMIGOS DA AUDIÇÃO. Audição
2- BARRAL, Julia; PINTO-SILVA, Flávio Eduardo; RUMJANEK, Vivian M. O acesso difícil dos surdos ao saber científico. Ciência Hoje, vol. 50, n. 296, p.26-31, setembro, 2012.
3- INFO ESCOLA.  Cóclea.  
4- SHERER, André F. Ouvidos
5- SOUZA, Laura M. Os sentidos de outrora. Ciência Hoje, vol. 50, n. 295, p.81, agosto, 2012.
6- RADIO BIO. Anatomia do Ouvido
8- WIKIPEDIA. Audição.  Percepção

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