12 fevereiro, 2012

Quimioterapia e câncer: uma complexa relação.

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Células tumorais finalizando a divisão.
 quimioterapia é o tratamento mais usado contra o câncer, porém as diferentes respostas dos indivíduos tratados faz com que, em muitos casos, ela seja ineficaz. Para entendermos melhor é importante saber: O que é o câncer?

Há mais de 100 tipos diferentes de câncer, ou seja, são vários tipos de doenças que têm como característica comum a presença de células que se dividem de forma incontrolável, invadindo outros tecidos e podendo se espalhar por diferentes órgãos do corpo através do sangue ou da linfa.

Todo crescimento anormal de células é denominado tumor, mas somente são chamados de câncer os tumores malignos, cujas células têm a capacidade de se dividirem de forma mais rápida e invadir os tecidos ou órgãos circundantes.

Quanto maior a velocidade de divisão celular e maior a capacidade de produzir metástases, mais agressivo é o câncer.

Os medicamentos quimioterápicos são toxinas que atacam especialmente células com alta atividade de divisão. Por este motivo os tecidos saudáveis, que possuem altas taxas de divisão, como a raiz dos cabelos, são igualmente “vitimados” pelos medicamentos usados na quimioterapia. Por isso uma das características de quem faz quimioterapia é a perda dos cabelos.

Carolina Dieckmann raspou a cabeça para interpretar personagem em quimioterapia na novela Laços de Família  de 2000.
De onde vêm os quimioterápicos?
Em sua maioria, os medicamentos usados em quimioterapia são de origem natural, produzidos por diferentes organismos para sua própria defesa. Entre tais medicamentos destacam-se as antraciclinas (produzidas por bactérias), alcaloides da vinca (produzidos por plantas do gênero Catharanthus) epipodofilotoxinas (produzidas pela planta Podophyllum peltatum) e os antibióticos antitumorais (de origens diversas).

Vinca: Catharanthus roseus

 Estes medicamentos têm por característica serem moléculas orgânicas pequenas com capacidade de  entrar nas células e impedir a divisão celular agindo sobre estruturas responsáveis por alguma das etapas da divisão celular.

Porém, todos os organismos foram desenvolvendo ao longo do tempo, mecanismos para impedir que moléculas estranhas entrem em suas células. Esta capacidade de defesa das células, que nos permite sobreviver, é justamente a principal dificuldade enfrentada no tratamento com quimioterápicos.

Exemplos de mecanismos de resistência a drogas:

1-   Alterações na membrana celular, que impedem ou dificultam a entrada de quimioterápicos, reduzindo a concentração da droga no interior da célula.

2- Alterações no metabolismo da droga são alterações em enzimas celulares que tanto podem impedir a transformação de uma pré-droga na sua forma efetiva, como inativar a molécula da droga.

3- Aumento do reparo dos danos produzidos pelos medicamentos quimioterápicos, restaurando o DNA e retomando as divisões celulares.

Desde a década de 1960-1970 descobriu-se que alguns indivíduos apresentam resistência a vários tipos de quimioterápicos, ou seja possuíam o fenótipo batizado de MDR ( sigla do inglês multidrug resistence).

Glicoproteína P: as setas indicam
o sentido do transporte através da membrana.
A alteração mais frequente encontrada nas células com fenótipo MDR é o aumento de uma proteína de transporte na membrana celular: a glicoproteína P, que tem a capacidade de retirar diferentes tipos de drogas do interior da célula (veja figura ao lado).  Além da glicoproteína P outras proteínas com ação semelhante vem sendo descobertas.

Alguns órgãos são especializados em produzir a glicoproteína P ou outras proteínas relacionadas ao fenótipo resistente (MDR), por isso seus tumores são clinicamente resistentes a drogas, respondendo muito mal a quimioterapia. Exemplos destes órgãos são rins, fígado, pâncreas, adrenal e cólon.

Para contornar esta resistência celular às drogas estão sendo buscadas substâncias capazes de reverter o fenótipo MDR. Estes quimiossensibilizadores se caracterizam por apresentar maior afinidade pela glicoproteína P, por isso eles são retirados do interior das células enquanto os quimioterápicos permanecem.

Dessa forma, há diferentes coquetéis que podem ser usados quando um câncer é tratado, eles vão sendo empregados de acordo com as respostas apresentadas pelos pacientes, pois a utilização de maior quantidade de quimioterápicos misturados a quimiossensibilizadores trás maiores efeitos colaterais.

Assim sendo, a detecção de câncer ainda nos estágios iniciais é a melhor forma de vencer esta doença de múltiplas faces.

Referências:
Marion Schiengold. Quimioterapia uma faca de dois gumes. In: SACCHET, A.M.O.F. (Org.) Genética, para que te quero? Porto Alegre : Ed. Univesidade/ UFRGS, 1999.

Bruno Monteiro, Cátia Travanca  e  João Alves. Antineoplásicos - Alcalóides daVinca. Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 2005/2006. 

TUMOR CELLS. Cancer Tumor CellsResearch Results, 2010/2011. 

2 comentários:

  1. Olá bom dia!
    Adorei esse post principalmente porque na minha família estamos passando por isso com uma pessoa amada na família...com certeza isso veio ajudar a entender esta doença tão complicada !!!
    Bjooo

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  2. Muito interessante esse conhecimento, Gladis, sempre é bom compartilhar. Obrigada. bjs.

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