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Células tumorais finalizando a divisão. |
Há mais de 100 tipos diferentes de câncer, ou seja, são vários tipos de doenças que têm como característica comum a presença de células que se dividem de forma incontrolável, invadindo outros tecidos e podendo se espalhar por diferentes órgãos do corpo através do sangue ou da linfa.
Todo
crescimento anormal de células é denominado tumor, mas somente são chamados de
câncer os tumores malignos, cujas células têm a capacidade de se dividirem de
forma mais rápida e invadir os tecidos ou órgãos circundantes.
Quanto maior
a velocidade de divisão celular e maior a capacidade de produzir metástases,
mais agressivo é o câncer.
Os
medicamentos quimioterápicos são toxinas que atacam especialmente células com
alta atividade de divisão. Por este motivo os tecidos saudáveis, que possuem
altas taxas de divisão, como a raiz dos cabelos, são igualmente “vitimados”
pelos medicamentos usados na quimioterapia. Por isso uma das características de
quem faz quimioterapia é a perda dos cabelos.
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Carolina Dieckmann raspou a cabeça para interpretar personagem em quimioterapia na novela Laços de Família de 2000. |
Em sua
maioria, os medicamentos usados em quimioterapia são de origem natural,
produzidos por diferentes organismos para sua própria defesa. Entre tais medicamentos
destacam-se as antraciclinas (produzidas por bactérias), alcaloides da vinca
(produzidos por plantas do gênero Catharanthus)
epipodofilotoxinas (produzidas pela planta Podophyllum
peltatum) e os antibióticos antitumorais (de origens diversas).
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Vinca: Catharanthus roseus |
Porém, todos
os organismos foram desenvolvendo ao longo do tempo, mecanismos para impedir
que moléculas estranhas entrem em suas células. Esta capacidade de defesa das
células, que nos permite sobreviver, é justamente a principal dificuldade enfrentada
no tratamento com quimioterápicos.
Exemplos de
mecanismos de resistência a drogas:
1-
Alterações na membrana celular, que impedem ou
dificultam a entrada de quimioterápicos, reduzindo a concentração da droga no
interior da célula.
2- Alterações no metabolismo da droga são
alterações em enzimas celulares que tanto podem impedir a transformação de uma
pré-droga na sua forma efetiva, como inativar a molécula da droga.
3- Aumento do reparo dos danos produzidos pelos
medicamentos quimioterápicos, restaurando o DNA e retomando as divisões
celulares.
Desde a década de 1960-1970
descobriu-se que alguns indivíduos apresentam resistência a vários tipos de quimioterápicos,
ou seja possuíam o fenótipo batizado de MDR ( sigla do inglês multidrug
resistence).
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Glicoproteína P: as setas indicam o sentido do transporte através da membrana. |
A alteração mais frequente encontrada
nas células com fenótipo MDR é o aumento de uma proteína de transporte na
membrana celular: a glicoproteína P, que tem a capacidade de retirar diferentes
tipos de drogas do interior da célula (veja figura ao lado). Além da glicoproteína P outras proteínas com
ação semelhante vem sendo descobertas.
Alguns órgãos são especializados em
produzir a glicoproteína P ou outras proteínas relacionadas ao fenótipo resistente
(MDR), por isso seus tumores são clinicamente resistentes a drogas, respondendo
muito mal a quimioterapia. Exemplos destes órgãos são rins, fígado, pâncreas,
adrenal e cólon.
Para contornar esta resistência
celular às drogas estão sendo buscadas substâncias capazes de reverter o
fenótipo MDR. Estes quimiossensibilizadores se caracterizam por apresentar
maior afinidade pela glicoproteína P, por isso eles são retirados do interior
das células enquanto os quimioterápicos permanecem.
Dessa forma, há diferentes coquetéis
que podem ser usados quando um câncer é tratado, eles vão sendo empregados de
acordo com as respostas apresentadas pelos pacientes, pois a utilização de
maior quantidade de quimioterápicos misturados a quimiossensibilizadores trás
maiores efeitos colaterais.
Assim sendo, a detecção de câncer
ainda nos estágios iniciais é a melhor forma de vencer esta doença de múltiplas
faces.
Referências:
Marion
Schiengold. Quimioterapia uma faca de dois gumes. In: SACCHET, A.M.O.F. (Org.) Genética,
para que te quero? Porto Alegre : Ed. Univesidade/ UFRGS, 1999.
Bruno
Monteiro, Cátia Travanca e João Alves. Antineoplásicos - Alcalóides daVinca. Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 2005/2006.
TUMOR CELLS. Cancer Tumor CellsResearch Results, 2010/2011.
Olá bom dia!
ResponderExcluirAdorei esse post principalmente porque na minha família estamos passando por isso com uma pessoa amada na família...com certeza isso veio ajudar a entender esta doença tão complicada !!!
Bjooo
Muito interessante esse conhecimento, Gladis, sempre é bom compartilhar. Obrigada. bjs.
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