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Estação de pesquisa na ilha Belmonte por Última Fronteira. |
Atualmente, a tecnologia possibilita uma estadia "agradável" neste inóspito arquipélago aos pesquisadores com projetos aprovados, que sejam ótimos nadadores e tenham sido aprovados num exigente curso preparatório oferecido pela marinha brasileira .
Em 11 de junho de 1996 a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) aprovou o Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Proarquipélago), com o objetivo de conduzir programas de pesquisas cientifícas nas seguintes áreas: geologia e geofísica, biologia, recursos pesqueiros, oceanografia, meteorologia e sismografia. Desse modo, o ASPSP pôde ser incluído como uma região privilegiada para o desenvolvimento de pesquisas em diversos ramos da ciência.
A presença constante de pesquisadorese garante a soberania nacional nestas distantes terras. Esta soberania é fundamental para que o Brasil mantenha uma maior plataforma marítima, ampliando sua área de pesca.
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Plataforma continental brasileira. |
(Darwin): "Rochedos de São Paulo – Ao atravessarmos o Atlântico, na manhã de 16 de fevereiro aproamos para o vento, parando a pequena distância dos rochedos de São Paulo. Este agrupamento de rochedos se acha situado entre a latitude 0º 58’ norte e longitude 29º 15’ oeste. A distância que os separa do continente americano é de quinhentas e quarenta milhas, e da ilha Fernando de Noronha, trezentas e cinquenta milhas. O ponto mais elevado alcança somente a cerca de quinze metros sobre o nível do mar, e todo o perímetro não chega a mil e duzentos metros. Esta pequena ponta se ergue abruptamente das profundezas do oceano."
Este pequeno arquipélago de rochedos com menos de 20 metros de altura, constitui o topo de uma montanha submarina colossal, que aflora de uma profundidade de 4 mil metros. Quando o governo brasileiro construiu a primeira estação científica no local, os rochedos passaram à condição de arquipélago e o Brasil ganhou 200 milhas ao seu redor. As reservas dos poços de petróleo Carioca, Tupi e Júpiter estão nos limites destas 200 milhas (Jornal da Ciência).
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Mapa do arquipélago |
Segundo o Jornal da Ciência (13 de Outubro de 2008), o Arquipélago de São Pedro e São Paulo não é formado por rochas vulcânicas, mas sim plutônicas ou intrusivas. Os geólogos não sabem exatamente sua origem e quando ele se formou, mas estimam em mais de 35 milhões de anos, segundo o geólogo Thomas Ferreira da Costa Campos, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Um dos motivos do interesse de geólogos pelo arquipélago é que ele fornece raras informações sobre a quebra e a deriva dos continentes e a abertura do Oceano Atlântico.

(Darwin): "Vistos a distância, os Rochedos de São Paulo são de um branco brilhante. Isto é devido, em parte, ao excremento de uma infinita multidão de gaivotas e, em parte, a uma camada dura e polida de certa substância com lustre de pérolas, que adere intimamente a superfície dos rochedos. Esta substância apresenta sob a lente de consistência de numerosas camadas excessivamente delgadas sobrepostas numa espessura total de cerca de dois milímetros e meio. Muita matéria animal se acha ali contida e, sua origem sem dúvida se depreende da ação da chuva ou da pulverização das ondas sobre o esterco das aves."

Apesar de não ter praia, vegetação ou água doce, o arquipélago é rico em fauna: funciona como refúgio e área de reprodução de aves e dezenas de espécies marinhas.

(Darwin): "Sob pequenas massas de guano, encontrei em Ascensión e nos Abrolhos certos corpos com ramificações estalactíticas, a toda aparência formados da mesma maneira que a tênue película sobre estes rochedos. Tal era a semelhança entre o aspecto geral destes corpos ramificados e o de certas nulíparas (uma família de plantas marinhas calcáreas) que quando há pouco examinava apressadamente minha coleção, não percebi a diferença. As extremidades globulares das ramificações são de uma contestura assemelhando-se a da pérola, como o esmalte dentário e de tal grau de dureza que podem riscar o vidro."

(Darwin): "Poderei mencionar aqui que, numa parte da costa de Ascención , onde se encontram vastas acumulações de areia conchifera, a água do mar deposita sobre os rochedos cobertos pela preamar uma incrustação, fazendo lembrar certas plantas criptogâmicas (Marchantiae), que se vêem ocasionalmente sobre as paredes úmidas. A superfície da fronde possui um lustre magnífico; as partes formadas a luz são de cor preta ao passo que as que se fizeram à sombra são apenas cinzentas. Mostrei espécimes desta incrustação a vários geólogos e todos foram de opinião que eram de natureza vulcânica ou ígnea! A dureza e a translucidez – o polimento igual ao das mais belas conchas de Oliva - o mau cheiro que exala e a perda de cor ao maçarico, tudo revela uma íntima relação com as espécies de conchas vivas. Nas conchas, como se sabe, as partes habitualmente cobertas pelo manto do animal são mais pálidas que as porções completamente expostas à luz, tal qual sucede no caso desta incrustação. Quando nos lembramos de que o cálcio, quer na forma de fosfato, quer na de carbonato, entra na composição das partes duras de todos os animais vivos, como os ossos e as conchas, é fato fisiológico interessante acharem-se substâncias mais duras que o esmalte dentário e superfícies coloridas e lustrosas como a das conchas frescas, que por processos inorgânicos, foram reconstituídas de matéria orgânica morta – e, ainda mais, numa imitação irônica de formas vegetais rudimentares."
(continua...)
Referências:
[1] – Texto usado para as citações: Darwin, C., Viagem de um Naturalista ao Redor do Mundo - Vol.1, Nova edição, 1871. Abril Cultural. Companhia Brasil Editora, São Paulo, s/d.
[2] - CONTE, José Roberto. Arquipélago de São Pedro e São Paulo: um santuário ecológico perdido no meio do oceano. Cia do Mergulho, 2008.
[3] - SILVA, Jorge Tadeu. Saiba mais: Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Notícias sobre aviação, 2009.
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