04 dezembro, 2011

O resgate da phisys (natureza).


Espiral do tempo Geológico

As causas naturais e os atos por natureza podem voltar à moda, iniciando mais um ciclo na história, vista sob uma forma circular, espiral, ou melhor, helicoidal, sob a perspectiva histórica nas dimensões tempo, espaço e ação humana. 

Cada vez mais confrontado com o resultado das suas ações arbitrárias, o homem se vê enredado numa situação nova em que o seu antigo pressuposto de supremacia natural foi superado.

É necessária a volta do conceito de natureza interdependente e não hierárquica. A antiga filosofia adquire assim um brilho novo, contrastante com a aporética filosofia contemporânea praticada em todo o século XX.

Neste cenário, é oportuno estudar os clássicos da filosofia grega e confrontar os pressupostos da ética das virtudes com as nossa dicotômica visão de mundo onde saber e agir são categorias autônomas.

O estudo dos clássicos não é importante apenas por sua dimensão histórica, mas pelas emergentes implicações nos problemas que ainda não foram resolvidos suficientemente pelos autores modernos.
Sob esta ótica, Aristóteles ressurge quase como um mestre do nosso tempo, dizendo coisas atuais. 

Apesar de Jaime Paviani afirmar que “A história da ciência mostra que muitas questões da filosofia grega foram superadas”, alguns problemas ressurgem com assombrosa atualidade.

A aristotélica hipótese da geração espontânea, de maneira estrita, é a atual explicação para o surgimento da vida no planeta, apesar de refutada em sentido amplo, é uma crença defendida pela ciência, quando postula que no caldo de aminoácidos presentes nos oceanos primitivos, as primeiras moléculas da vida, as proteínas, se autogeraram.

Ouro problema é a antiga especulação do apeiron, que seria o elemento primordial que a tudo constitui e foi chamado, posteriormente, de éter ou quinto elemento. Embora apeiron tenha sido foi refutado na modernidade, atualmente, experimentos de laboratório não conseguem manter a refutação com tanta veemência, uma vez que a ciência ainda não conseguiu produzir o vácuo perfeito. Algo ou alguma coisa que pode ser definida como uma quase imperceptível flutuação eletromagnética continua na cuba sendo detectada pelos instrumentos, como se fosse um fantasma a assombrar os pensamentos positivistas.

Algumas especulações filosóficas que podem auxiliar a compreensão do mundo antecedem Aristóteles com o pensamento platônico de busca pela sabedoria.

Platão e Aristóteles
Ler Platão é semelhante ao ofício do garimpeiro. O pensamento platônico se encontra esparso ao longo dos diálogos não de forma linear, mas em espiral, onde os temas são retomados como se Platão quisesse provocar reminiscências a cada vez que lança uma nova luz sobre um assunto.

A garimpagem se faz necessária em face da falta de sistematização, porque, propositalmente, Platão não expõe o resultado final do seu pensamento, ao contrário, submerge o leitor num labirinto dialético na esperança de que ele mesmo emirja com um arcabouço próprio.

Mais do que nunca a volta aos clássicos se impõe. Uma nova significação pode estar oculta naqueles “pensamentos superados”. Um ar de atualidade sopra da herança grega.

A filosofia moderna não mais dá conta de problemas nascidos do aprofundamento entre ética e política, objeto e método, coletivo e individual, racionalidade e inconsciente, leis sociais e leis naturais, existência e finalidade. A falta de tangibilidade entre essas instâncias fomenta comportamentos aberrantes nos extremos individual e coletivo.

A separação irreversível entre ser humano e natureza impede que a humanidade veja o planeta na antiga concepção de Gaia, ou seja, seres vivos vivendo em simbiose com outro ser maior.  

O abandono da busca do bem e o desvanecimento das virtudes embasando as ações trouxeram aos tempos modernos não a felicidade da libertação, mas a apatia causada por um relativismo radical, onde os valores foram pulverizados. Neste contexto a dialética platônica pode lançar uma luz no acirramento das nossas dicotomias.

Por Isaias Malta

Referência:
PAVIANI, J. Filosofia e Método em Platão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.  

Um comentário:

  1. Anônimo5/12/11

    POTENTES maquinas e os robôs e os computadores ajudam a humanidade a ter mais tempo , eles não tiraram nossos empregos , mas sim deixaram os produtos mais baratos e acessíveis hj em dia ! Mas será q poder (comprar) ter tantas coisas não ofusca os sentimentos mais simples q levam a felicidade !

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