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Aplysia fasciata, vulgo vinagreira por People.edu |
(Darwin): “[...] Durante a nossa permanência, observei os hábitos de alguns animais marinhos. É muito comum ver-se uma grande aplísia medindo cerca de doze centímetros de comprimento e tendo uma cor suja amarelada com veias de púrpura. De cada lado da superfície inferior, ou pé, existe uma larga membrana que parece algumas vezes agir como ventilador para dirigir uma corrente de água sobre as brânquias dorsais ou pulmões.”

Imagem de aplisia com brânquias dorsais bem visíveis (por SHKROBIUS)
As aplísias ou lemas do mar são espécies de nudibrânquios, que constituem uma subordem de moluscos gastrópodes marinhos. Sua variedade é enorme com cerca de 3000 espécies diferentes já descritas e seu tamanho pode variar desde pouco mais de um centímetro até cerca de 40 cm .
Uma das características mais marcantes do grupo é a presença de brânquias externas, daí a origem do nome nudibrânquios que significa brânquias nuas.
Outra característica destes animais é a riqueza da sua coloração, que lhes permite uma camuflagem eficaz nos diferentes ambientes em que vivem2.
Darwin descreve a alimentação e defesa das aplisias.
(Darwin): “Alimenta-se de algas delicadas que crescem entre as pedras de água rasa e lamacenta. Encontrei no estômago vários pequeninos fragmentos de pedra, como na moela dos pássaros. Quando incomodado este animal segrega um fluido purpurino muito fino que tinge a água numa extensão de trinta centímetros ao seu redor.”

Aplísia comendo algas (por Nautilus Dive Center).
Imagens de uma aplisia “vinagreira” se alimentando e lançando sua “tinta protetora” podem ser vistas neste vídeo.
(Darwin): “Além deste meio de defesa, possui ainda uma secreção acre sobre toda a superfície do corpo, que causa uma sensação picante aguda semelhante à da fisália.”
Darwin comparou as aplisias com as fisálias ou águas-vivas (Physalia physalis), que fazem parte do filo dos Cnidários. Sabe-se que algumas espécies de nudibranquios que comem anêmonas conseguem transferir os arpões urticantes integralmente para o seu próprio corpo, adquirindo uma proteção extra. O nome cnidário deriva do grego e significa "urtiga que queima". Os cnidários, além da água-viva, incluem corais, anêmonas do mar e a caravela-portuguesa3.
O vídeo abaixo mostra a "Vinagreira Negra" de Cabo Verde nadando2.
Referência e leituras complementares:
1- Texto usado nas citações: Darwin, C., Viagem de um Naturalista ao Redor do Mundo - Vol.1, Nova edição, 1871. Abril Cultural. Companhia Brasil Editora, São Paulo, s/d.
2- Um artigo muito divertido sobre aplisias de Cabo Verde foi publicado no blog do Jorge Sousa Brito. Através dele descubra por que o termo aplisia é usado para designar parte da anatomia feminina.
3- Informações sobre cnidários e queimaduras causadas por águas-vivas podem ser lidas no blog do Guia Rio Claro 12 anos.
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