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Waylon Lowe |
Desordens na hemostasia podem levar a um aumento no risco de hemorragia, trombose ou embolismo. Ou seja, a hemostasia permite a manutenção do sangue fluido dentro dos vasos e evita sua perda excessiva pela hemorragia.
A coagulação sanguínea é semelhante nas várias espécies de mamíferos, envolvendo um mecanismo que combina plaquetas e fatores de coagulação (proteínas, enzimas e cálcio).
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Coágulo |
Os três principais mecanismos na hemostasia são:
• Vasos sanguíneos sofrem vasoconstrição
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Mecanismo da vaso constrição reflexa |
• Plaquetas se agregam na lesão formando um tampão plaquetário, estimuladas pela exposição de fibras colágenas na região lesada.
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Principais eventos da coagulação |
• Fatores de coagulação – desencadeiam um mecanismo complexo que envolve fatores plasmáticos e tem como resultado a formação de uma rede de fibrina onde aderem células formando o tampão hemostático (coágulo).
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Rede de fibrina, hemácias e plaquetas |
Quando esses mecanismos estão alterados seja por modificações adquiridas ou hereditárias podem levar a doenças hemorrágicas (o vídeo abaixo relaciona a coagulação sanguínea e a hemofilia).
Para a formação da rede de fibrina é necessário que diferentes proteínas atuem sequencialmente (cascata de coagulação), assim, a falta de uma dessas proteínas (ou fatores de coagulação) pode ocasionar uma demora na formação de rede de fibrina, levando à perda excessiva de sangue.
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Eventos da Coagulação |
Essa cadeia é composta por 10 diferentes fatores - fator I (fibrinogênio), II (protrombina), V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XII. alterações no fatores I, II, V, VII, X, XI, XII, XIII são raras afetando um em cada dez milhões de indivíduos.
A deficiência no fator VIII é a mais frequente levando a doenças como a Hemofilia A ou a Doença de von Willebrand. Já a deficiência no fator IX causa a hemofilia B.
Hemofilia A (hemofilia clássica - falta do fator VIII): é um tipo de herança recessiva ligada ao sexo atingindo um para cada dez mil homens (1:10.000)
Hemofilia B (falta do fator IX): também é uma herança recessiva ligada ao sexo com frequência de um para sessenta mil homens (1: 60.000).
Doença de von Willebrand: é uma herança do tipo autossômica dominante atingindo um em oito mil indivíduos (1:8.000). A doença de von Willebrand é uma doença hemorrágica que atinge igualmente ambos os sexos porém mulheres tem mais probabilidade de ter a doença diagnosticada pelas manifestações durante a menstruação.
O fator de Von Willebrand atua de duas formas:
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Dr. von Willebrand |
2ª - Mantém os níveis plasmáticos do fator VIII ao reduzir sua taxa de degradação. Dessa forma, embora o gene para produção do fator VIII esteja bom, esta proteína é degradada muito rapidamente e sua concentração no plasma fica muito baixa. Por tal motivo os diagnósticos baseados apenas na quantidade de fator VIII podem levar ao diagnóstico equivocado de Hemofilia A.
Hemofilia A x Hemofilia B
A gravidade da doença depende da produção de proteínas, ou seja, da quantidade de fatores de coagulação presentes no plasma.
No caso da herança ligada ao sexo, as mulheres normalmente são apenas portadoras – heterozigotas.
Curiosidade: Existem raros casos de mulheres hemofílicas, que são filhas de pais hemofílicos e mães heterozigotas. Nestes casos, em geral, elas não apresentam hemorragias menstruais, apenas os demais sintomas presentes nos homens hemofílicos.
No caso das mulheres normais que tem familiares com Hemofilia é importante investigar se são portadoras e podem gerar filhos hemofílicos.
O Diagnóstico para mulheres portadoras envolve duas técnicas:
1- A quantificação do fator de coagulação. Normalmente, as portadoras produzem uma quantidade menor de fator VIII ou IX. Porém, este teste não é definitivo, pois 20% das mulheres portadoras produzem quantidades normais da proteína.
2- Estudo da segregação do gene da doença com a utilização do polimorfismo de DNA como marcadores. Neste caso é necessário o estudo de toda a família, incluindo os hemofílicos e depende do polimorfismo, por isso é importante utilizar mais do que um maracador. Sistemas que inibem a coagulação excessiva
A anticoagulação: Mecanismos que evitam a formação de trombose.
Embora seja essencial para a manutenção da integridade dos vasos sanguíneos e inibição de hemorragias, os mecanismos de coagulação devem ser controlados para evitar a formação de trombos (o vídeo abaixo descreve a formação de trombose e embolia pulmonar).
Os mecanismos de antiplaquetários e anticoagulantes predominam, para impedir a adesão plaquetária e deposição de fibrina. Existem basicamente três mecanismos naturais de anticoagulação:
1 - Sistema de AT-III-Heparina que inibe a protease vitamina K-dependente.
2 - O sistema da proteína C que inibe os cofatores da coagulação
3 - O inibidor da via extrínseca, chamado EPI ou LACI Sistema de AT-III-Heparina (antitrombina III e Heparina) - Este sistema inativa principalmente fator II (protrombina) - Sua deficiência pode ocasionar trombose - 85% indivíduos com deficiência deste sistema terão trombose até os 80 anos.
4 - Sistema da proteína C Este sistema inativa os fatores de V a VIII e favorece a fibrinólise. Deficiência das proteínas deste sistema (C e S) aumenta o risco de trombose. O Sistema Fibrinolítico está relacionado com a remoção de fibrina que, eventualmente, pode se depositar na árvore vascular. Ou seja, este sistema limita a formação de fibrina na área lesada e degrada a fibrina dissolvendo o coágulo.
OUTROS INIBIDORES NATURAIS DA COAGULAÇÃO:
1. Cofactor II da Heparina: é um inibidor seletivo da trombina, que aumenta sua atividade na presença de heparina, seu déficit está associado à trombose.
2. Alfa-2 macroglobulina, inibe a trombina
3. Alpha -1 antitripsina, inibe o fator XI, o plasminogênio, a proteína C e talvez a trombina. Seu déficit não produz trombose.
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edema angioneurótico |
4. Inativação C1: C1 inibe o fator XII e a plasmina. Sua deficiência não produz manifestações trombóticas, mas o edema angioneurótico,que é uma forma de alergia, na sua maioria afetando as pessoas mais jovens e provocando o inchaço localizado e pronunciado da pele, do revestimento do nariz, da boca, da garganta ou do tracto digestivo.
Curiosidade: Medicamentos com batroxobina estraída do veneno de Bothrops moojeni (uma espécie de jararaca) quebra o fibrinogênio e parece reduzir os danos neurológicos quando utilizado nos estágios iniciais de um acidente vascular cerebral (AVC).
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Bothrops moojeni |
Glossário: Hemostasia do grego, haima = sangue; stasis = detenção.
Referências:
1- BANDINELLLI, Eliane; SIMON, Daniel. Dinâmica da coagulação sanguínea: aspectos Gerais. In: SACCHET, A.M.O.F. (Org.) Genética, para que te quero? Porto Alegre : Ed. Univesidade/ UFRGS, 1999.
2- BORGES-OSÓRIO, M. R. e ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
3- FOTOS ANTES E DEPOIS Angioedema (edema angioneurótico, edema de Quincke).
4- Waylon Lowe sangrando.
5- Wikipedia. Coagulação sanguínea.
6- LEWIS, Richard J. ; GARCIA, Maria L. Therapeutic Potential of Venom Peptides.
Olá, um grande abraço e parabéns pela excelente postagem, além de muito intressante a leitura, não sendo cansativa, mas atraente, ela é completa em informações.
ResponderExcluirAdorei seu site, fica com Deus e sucesso sempre.