O
ciclo do ácido cítrico é uma série engenhosa de oito reações que oxida os
grupos acetila do acetil-CoA, formando duas moléculas de CO2 de
maneira que a energia livre liberada é conservada nos compostos reduzidos NADH
e FADH2. [...] Como essa via é a principal responsável pela oxidação
de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos, o ciclo do ácido cítrico é,
muitas vezes, considerado o centro do metabolismo celular. (VOET et. al. 2008,
p.515).
As mitocôndrias que
são consideradas as usinas de força da célula.
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Nesta imagem de microscopia eletrônica colorizada o núcleo aparece em azul, o retículo endoplasmático rugoso em verde, as mitocôndrias em laranja e um lisossomo em vermelho. Na célula as mitocôndrias se associam às organelas que demandam mais energia, como é o caso do Retículo Endoplasmático Rugoso. |
Ou seja, para
elaborar suas estruturas e manter-se viva, uma célula requer um contínuo aporte
de energia. Nesse sentido, a matéria orgânica deve ser “queimada” para produção
de ATP.

Ou seja, o ciclo de Krebs é uma rota catabólica, porque está
envolvido na degradação e é o principal sistema de conservação da energia livre
na maioria dos organismos vivos.
Todavia, várias
vias biossintéticas utilizam intermediários do ciclo de Krebs como reagentes
para reações anabólicas, por tal motivo ele é classibicado como ANFIBÓLICO.
Rotas que utilizam
intermediários do ciclo:
Biossíntese da glicose
Síntese de ácidos graxos.
Biossíntese de aminoácidos.
Reações que
reabastecem o ciclo:
Rota de produção do oxalacetato, a
partir do piruvato.
Rota de degradação de ácidos graxos
de cadeia ímpar.
Rota de degradação de alguns
aminoácidos.
Na figura abaixo, as setas vermelhas indicam a destinação de intermediários do ciclo para algumas rotas (escritas em vermelho). Já, em verde, são indicadas as rotas que fornecem intermediários, reabastecendo o ciclo de Krebs.
O nome CICLO DE
KREBS foi dado em homenagem ao pesquisador Hans Krebs, que desvendou o aspecto
cíclico dessa via metabólica, que inicia pela formação do ácido cítrico na
primeira etapa.
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Hans Krebs |
Porém, esta descoberta foi precedida pelo trabalhos de muitos
outros pesquisadores, que, a partir de
1930, se debruçaram sobre essa rota essencial para oxidação dos compostos
orgânicos nos organismos aeróbicos.
Franz Knoop e Carl
Martius, em 1936, descobriram que o ácido cítrico podia ser formado a partir do
OXALACETATO (produto final do ciclo) e do Piruvato (produto final da
GLICÓLISE).
De posse dessa descoberta, Krebs, em 1937, desvendou o caráter
cíclico dessa via metabólica e essa contribuição foi considerada uma das
descobertas mais importantes do metabolismo químico, garantindo-lhe o Nobel de
1953 (este prêmio foi dividido com Fritz Albert Lipmann, que descobriu a
coenzima-A e seu papel no metabolismo intermediário).
Apesar de estar
sendo estudado há tanto tempo, este ciclo ainda não está totalmente desvendado
em todos os seus detalhes.
Por
que esse ciclo é tão importante?
Porque o Ciclo do Ácido Cítrico é uma rota central
para recuperação de energia a partir de vários combustíveis metabólicos,
incluindo os carboidratos, os ácidos graxos e os aminoácidos, que são
convertidos em acetil-CoA para oxidação.
Em linhas gerais, no
Ciclo do Ácido Cítrico as moléculas orgânicas são oxidadas a CO2 e
os hidrogênios liberados são transferidos para carreadores de elétrons. Essa via metabólica é constituída por 8 reações que oxidam os grupos acetila
do acetil-CoA, formando 2 moléculas de CO2. A energia livre liberada
(H) é conservada nos carreadores de elétrons NAD e FAD que se reduzem a NADH e
FADH2.
Lembrete: Toda oxidação de compostos
orgânicos necessita de um aceptor de elétrons, ou seja, um oxidante, que nos
sistemas biológicos podem ser: NO3-; SO4-2;
Fe+3 e O2. Nos organismos AERÓBIOS o oxidante é o O2.
Assim, a oxidação de combustíveis metabólicos é realizada pelo Ciclo do Ácido
Cítrico, que se acredita ter surgido algum tempo depois que o nível de oxigênio
se tornou significativo na atmosfera terrestre (aproximadamente 3 bilhões de
anos atrás).
ASPECTOS GERAIS
I. O OXALACETATO
consumido na primeira reação do ciclo é regenerado na última. Dessa forma, o
ciclo do ácido cítrico (ou ciclo do ácido Tricarbosxilico –TCA) atua em
sucessivas etapas (ou giros), oxidando um número ilimitado de grupos acetil (um
“moedor” em contínuo funcionamento), sem depender de outras rotas para a
produção de seus compostos básicos.
II. Em eucariotos,
o ciclo de Krebs é compartimentalizado, pois TODAS as enzimas do ciclo estão
localizadas nas mitocôndrias, de modo que devem ser produzidas aí ou
transportadas do citoplasma para a matriz mitocondrial (incluindo outros
elementos como NAD e GDP ou ADP). Por outro lado, TODOS os produtos do ciclo
devem ser consumidos na Mitocôndria ou transportados do seu interior para o
citosol.
III. Os átomos de
carbono das duas moléculas de CO2, produzidos a cada volta do ciclo não são provenientes da acetil-CoA, que
entra no ciclo, indicando que há uma contínua renovação de átomos nas moléculas
dos intermediários metabólitos que “giram” através do ciclo.
IV. Os intermediários do ciclo do ácido cítrico são precursores da biossíntese de outros compostos (por exemplo,
o OXALACETATO é precursor da formação de Glicose pela rota da Gliconeogênese).
V. A oxidação de um
grupo acetila a dois CO2 necessita da transferência de quatro pares
de elétrons (3 pares são transferidos para o NAD e um par para o FAD), que
serão encaminhados à próxima etapa, a fosforilação oxidativa.
VI. Parte da
energia livre produzida é usada para produção de um GTP (nos mamíferos) ou ATP
(em plantas e bactérias)
A LIGAÇÃO ENTRE A GLICÓLISE E O CICLO
DE KREBS
O produto final da
GLICÓLISE é o PIRUVATO, mas para o início do ciclo há necessidade de formação
da ACETIL-CoA. Nessa reação é liberada uma molécula de CO2 e reduzido um NAD. Quem realiza esta
“operação” é um COMPLEXO MULTIENZIMÁTICO chamado de PIRUVATO-DESIDROGENASE
formado por 60 proteínas em bactérias e 132 proteínas em eucariotos.
REAÇÕES
DO CICLO
Estas
reações são catalisadas em 8 etapas ou passos:
1
1-condensação
do acetil-CoA com Oxalacetato (esta reação fornece o primeiro substrato e a
força termodinâmica para girar o ciclo);
2- isomerização do citrato a isocitrato;
3- descarboxilação oxidativa do
isocitrato, produzindo o a-ceto
glutarato, liberando um CO2 e reduzindo um NAD: formando NADH + H(1e-);
4- descarboxilação oxidativa do a-ceto glutarato, produzindo
Succinil-CoA, liberando um CO2 um NADH + H(1e-);
5- clivagem do Succinil-CoA a
Succinato, pelo complexo
multienzimático da SuccinilCoA-sintetase,
com produção de um GTP (ou ATP) mais uma CoenzimaA reduzida (CoASH);
6- desidrogenação do Succinato a Fumarato
com redução do FAD a FADH2;
7- hidratação do Fumarato a Malato;
8- regeneração
do Oxalacetato a partir do Malato com redução do 3º NAD a NADH + H(1e-).
REGULAÇÃO
DO CICLO:
Sua regulação
depende:
1- da disponibilidade
dos substratos;
2- da necessidade
de intermediários para outras vias;
3- da necessidade
de ATP.
Na figura abaixo,
estão destacados os pontos de inibição (em vermelho) e de ativação (em verde).
As setas vermelhas indicam as rotas intermediárias e as moléculas que servem
como inibidores, e em verde as moléculas que são ativadoras do ciclo.
Existem evidências
de que algumas enzimas sejam acopladas fisicamente e sua regulação seja
coordenada.
Os principais pontos de controle do ciclo são:
I- regulação
da Piruvato-desidrogenase, impedindo o início do ciclo;
II- regulação das enzimas controladoras
do ciclo:
a.
citrato-sintase,
b.
isocitrato-desidrogenase
e
c.
a-ceto glutarato-desidrogenase.
Referências e fontes de imagens:
VOET, Donald; VOET, Judith G;
PRATT, Charlotte W. Fundamentos de
Bioquímica. 2ed. Porto Alegre,
ARTMED, 2008.
NOBELPRIZE.ORG. The Nobel Prize in Physiology
or Medicine 1953 Hans Krebs, Fritz Lipmann http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1953/krebs-bio.html
MicroANGELA.
Mitochondria http://www5.pbrc.hawaii.edu/microangela/synapse1.htm
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