19 junho, 2011

As espetaculares articulações do joelho e do ombro

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Os joelhos e ombros são as articulações sinoviais que mais sofrem lesões em atletas, além de apresentarem problemas e dores em não-atletas, em função das forças que suportam e da alta capacidade de movimentação (veja notas).

Ronaldo "Fenômeno" em 2008.
 As articulações sinoviais possuem suas superfícies articulares protegidas por uma cartilagem. Um tecido fibroso muito resistente recobre a área em que os ossos se encontram, formando uma cápsula articular. Os ligamentos, que também são feitos de tecido fibroso muito resistente, ajudam a manter a estabilidade da articulação.

Esses ligamentos podem ser parte da cápsula articular, estando dentro ou fora dessa cápsula. A área dentro dessa cápsula articular é chamada de cavidade articular e está repleta de um fluido chamado líquido sinovial.
Esquema básico de uma articulação sinovial


 Tipos e exemplos de articulações sinoviais:
a) Ginglimo ou uniaxial:cotovelo;
b) Pivô: articulação atlantoaxial;
c) Multiaxial ou esferoidal: ombro e quadril;
d)Plana: carpo;
e) CONDILARES ou biaxiais: joelho e têmporo-mandibular.

A ARTICULAÇÃO DO JOELHO
O joelho é a maior articulação do corpo humano: é uma articulação sinovial complexa, que possui duas articulações separadas:

1- A articulação fêmoro-patelar consiste na patela, um osso sesamóide que reside no interior do tendão do músculo anterior da coxa (músculo quadríceps femoral), e na superfície patelar na frente do fêmur, na qual ele desliza.

2- A articulação fêmoro-tibial liga o fêmur (osso da coxa) à tíbia, o principal osso da perna. A articulação é banhada por um fluido sinovial viscoso, que está contido dentro da membrana sinovial, ou cápsula articular. O escavamento atrás do joelho é conhecido como fossa poplítea.


O joelho permite os seguintes movimentos: flexão, extensão, assim como uma leve rotação lateral e medial. A chave para uma articulação de joelho saudável é a estabilidade da articulação. A configuração óssea, os meniscos, os ligamentos, a cápsula e os músculos que cercam a articulação do joelho produzem a sua estabilidade.

Os ligamentos estabilizam a articulação. O ligamento cruzado anterior é frequentemente rompido como um resultado de uma rápida mudança na direção durante uma corrida ou como um resultado de algum outro tipo de movimento de torção violento. Ele também pode ser rompido com a extensão forçada além de sua amplitude normal, ou como resultado de forças sendo aplicadas lateralmente.

No youtube há dois vídeos bastante interessantes sobre os ligamentos da articulação do joelho. Um deles mostra o papel desempenhado pelos ligamentos na estabilização da articulação do joelho, em especial o Ligamento Cruzado Anterior (LCA) - vídeo 1.

O segundo vídeo descreve o processo cirúrgico de reconstrução do LCA a partir de material retirado do tendão patelar - vídeo 2.

Os meniscos também estabilizam o joelho, além de amortecerem os impactos sobre as cartilagens. Eles são elementos cartilaginosos que servem para proteger as extremidades dos ossos de se esfregarem entre si e para efetivamente aprofundar os soquetes tibiais dentro dos quais o fêmur se prende.

Existem dois meniscos em cada joelho o medial e o lateral. Um deles ou ambos podem ser lesionados, quando o joelho é rotado ou dobrado com força acima do normal, ou sofre grande impacto. A restauração dos meniscos é ainda um campo de pesquisa da medicina, mas alguns avanços já estão sendo testados, especialmente no campo de próteses de origem animal.O vídeo abaixo mostra palestra de Kevin Stone “O futuro biológico das próteses de articulações” para o TED




A ARTICULAÇÃO DO OMBRO

O fortalecimento dos músculos responsáveis pelos movimentos dos ombros é fundamental para sua estabilização. Com o ombro é possível fazer diversos movimentos: rotação medial, rotação lateral, adução, abdução, extensão e flexão.

A articulação do ombro é a mais complexa do corpo humano. O ombro é formado por quatro articulações separadas e por um complexo de músculos:
1- a articulação glenoumeral, que consiste no encaixe da “cabeça” do úmero na cavidade glenoidea da escápula;
2- a articulação acromioclavicular, que liga a clavícula à escápula;
3- a articulação esternoclavicular, entre a clavícula e o esterno;
4-as ligações da escápula com os músculos da coluna torácica e cervical. O deltoide, cobrindo a cabeça do úmero, em conjunto com um conjunto de músculos menores, é que formam a proeminência do ombro e impedem que esta articulação se desloque (luxação).


A articulação glenoumeral possui ampla liberdade de movimento e pouca estabilidade óssea, sua estabilização é dependente de ações musculares.

A diferença entre o tamanho da cabeça do úmero e da cavidade glenoidea torna o contato das superfícies articulares assimétrico, somente uma parte da cabeça entra em contato com a cavidade.

A cabeça do úmero é rodeada por duas camadas musculares, uma profunda e a outra superficial. A camada profunda é constituída pelo manguito rotador (supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular), além do tendão da cabeça longa do bíceps braquial, que envolve a cápsula.

No vídeo abaixo, Dr. Frank Antwerpes detalha a anatomia da articulação do ombro, “construída de forma condenadamente delicada”, destacando a estrutura e papel do “manguito rotador”. A dublagem em espanhol por Carlos Garcia Piedra, facilita bastante a compreensão desta complexa estrutura.



Notas:
1- A Síndrome fêmoro-patelar (SFP) é o termo usado para descrever uma dor na patela e ao redor da mesma. Ela acomete adultos jovens e caracteriza-se por dor no joelho durante a realização de atividades funcionais. Os fatores etiológicos incluem o aumento do ângulo Q e desequilíbrios musculares e para seu tratamento normalmente são realizados exercícios de fortalecimento do músculo quadríceps femoral. Cristina Cabral (2006) testou o uso de alongamento muscular no reequilíbrio da articulação fêmoro-patelar, verificando que todos os tratamentos possibilitam melhoras importantes nos sintomas apresentados pelos pacientes da SFP, mas a técnica de reeducação postural geral mostra melhoras significativamente maiores na redução da dor, diminuição do ângulo Q e aumento da flexibilidade. Concluiu, também, que o alongamento muscular da cadeia posterior pode ser efetivo no reequilíbrio das ações musculares para o realinhamento do joelho e aumento da flexibilidade, que pode facilitar o fortalecimento muscular.

2- Existem diversos graus de lesão do manguito rotador, que podem variar desde uma inflamação (tendinite) até lesões mais graves, como rupturas parciais ou completas. O tratamento vai depender do grau da lesao , atividade do paciente, idade, etc. Nos casos mais brandos o tratamento inicial é feito com medicação, repouso e fisioterapia. Nos casos mais severos que não respondem a este tipo de tratamento inicial, é necessário o tratamento cirúrgico, que hoje em dia geralmente é feito pelo procedimento de artroscopia. Na cirurgia é feito a reparação da lesão do tendão é e os “esporões” ósseos no ombro são ressecados (acromioplastia). Após a cirurgia o ombro é imobilizado com uma tipoia até ocorrer a cicatrização do tendão (4 – 6 semanas). Após esse período é iniciado um programa de fisioterapia para ganhar alongamento e depois fortalecer a musculatura do ombro. O retorno as atividades é feito gradualmente sempre sob supervisão médica (Ossos do Ofício).

3- Qualquer trauma direto sobre o joelho ou uma mudança brusca de movimento (torção), pode acarretar em lesão. Em uma torção dos joelhos os meniscos podem ser afetados, com fraturas dos mesmos. Excesso de treinamento pode causar inflamações no joelho de atletas. É de suma importância realizar fisioterapia preventiva com o fisioterapeuta para minimizar a ocorrência de lesões através de reequilíbrio muscular, ganho de flexibilidade e exercícios proprioceptivos. Sempre que o atleta sentir dores e desconforto na articulação é necessário procurar orientação médica e fisioterápica para ter diagnóstico e iniciar o tratamento o mais precocemente possível (Santos, 2011).

Leitura complementar: O estudo das articulações.

Referências e links:
1- AULA DE ANATOMIA. Ombro
2- CABRAL, Cristina Maria Nunes (Catálogo USP). Recuperação funcional da síndrome fêmoro-patelar: um estudo comparativo entre fortalecimento e alongamento muscular. Tese de Doutorado, USP, 2006.
3- CARCERONI, Denise. Ombros: 8 exercícios diferentes
4- CORPORE BRASIL, Saúde em primeiro lugar: Síndrome fêmoro-patelar.
5- HYGEIA REABILITAÇÃO. Artrite Reumatoide, Julho de 2010.
6- OSSOS DO OFÍCIO. Lesão do manguito rotador
7- PACHECO, Afrânio da Silva. Biomecânica da Articulação do Ombro.
8- SANTOS, Lilian.Território LNB. Joelho, o Calcanhar de Aquiles do Basquete
9- Wikipedia – Joelho
10- Wikipedia – ombro.

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