30 maio, 2011

Miologia 1: estrutura e cuidados com os músculos.

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A miologia é a parte da anatomia que estuda os elementos musculares do corpo humano.

Os músculos são órgãos formados pela associação de tecido muscular estriado esquelético e tecido conjuntivo. O tecido muscular realiza o trabalho de contração, enquanto o tecido conjuntivo mantém as fibras musculares unidas, permitindo que a força gerada por cada fibra atue sobre o músculo inteiro.

Os músculos são ricamente vascularizados, pois demandam alto consumo de oxigênio e glicose, em função de sua intensa atividade metabólica. Os vasos sanguíneos penetram no músculo através dos septos de tecido conjuntivo e formam extensa rede de capilares, que correm entre as fibras musculares.

O tecido muscular estriado esquelético é constituído por fibras musculares formadas por células alongadas, constituídas por miofibrilas de proteína, as quais são as responsáveis pelas contrações musculares.

As variações no tamanho das fibras musculares dependem da idade, sexo, nutrição e atividade física.

Estrutura muscular

Num músculo, as fibras estão organizadas em grupos de feixes, sendo o conjunto de feixes envolvidos pelo epimísio, o qual é uma camada de tecido conjuntivo que recobre o músculo inteiro.

Do epimísio partem septos mais delgados, que circundam grupos de 10 a 100 ou mais fibras musculares individuais, separando-as em feixes chamados fascículos. Os fascículos podem ser vistos a olho nu. Estes septos de tecido conjuntivo constituem o perimísio.

Cada fibra muscular é individualizada por uma terceira bainha: o endomísio. Ele é formado pela lâmina basal da fibra muscular e uma escassa população de células conjuntivas, principalmente, fibroblastos, constituindo um fino revestimento que penetra no interior de cada fascículo e separa as fibras musculares individuais das vizinhas.

Um mesmo músculo, ou grupo muscular, pode responder e adaptar-se a um movimento de elevada coordenação, a um esforço curto e intenso, ou ainda a uma atividade prolongada, o que revela a natureza plástica deste tecido.

Diferentes tipos de fibras

A FIBRAS individuais que se unem para formar um músculo inteiro apresentam características diferentes. As respostas adaptativas observadas no músculo dependem, portanto, da combinação dos vários tipos de FIBRAS existentes e do padrão de atividade que elas podem desempenhar.

As fibras que contraem e relaxam-se lentamente são, habitualmente, designadas por fibras tipo I. Já as fibras que contraem e relaxam-se rapidamente, são designadas fibras de tipo II.

CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS MUSCULARES ESQUELÉTICAS:

As fibras do Tipo I possuem muita mioglobina e sua cor é vermelho-escura. Estão adaptadas a esforços continuados e retiram sua energia de ácidos graxos.

As fibras tipo 1, conhecidas como vermelhas, lentas, têm baixa velocidade de contração e grande força de contração. Elas funcionam aerobicamente e são resistentes à fadiga.

As fibras do Tipo II contem menos mioglobina e sua cor é vermelho-clara. Elas estão adaptadas às contrações rápidas e descontínuas e dependem mais da glicólise.

As fibras do tipo 2, conhecidas como fibras rápidas ou brancas, são subdivididas em dois tipos, de acordo com seu nível de atividade metabólica. Ambos os tipos são fibras de contração rápida e têm força e velocidade de contração elevadas.

As fibras do Tipo II podem ser:

Tipo IIa: apresentam, além de suas características glicolíticas, uma capacidade oxidativa desenvolvida. São também conhecidas pela sigla FOG (Fast oxidative glicolytic).

Tipo IIb: apresentam predominantemente capacidades anaeróbias. Também conhecidas pela abreviatura FG (fast glycolytic)

Os músculos estriados esqueléticos humanos apresentam diferentes proporções desses dois tipos de fibras. Acredita-se que a proporção de fibras tipo 1 e 2 nos indivíduos sejam definidas geneticamente, com pouca capacidade de interconversão de um tipo a outro.

Já a interconversão entre os tipos 2 A e 2B, é muito mais comum, dependendo do tipo de treinamento atlético.

A maior parte da população mundial apresenta um equilíbrio entre os principais tipos de fibras musculares (50 a 60%), enquanto um corredor de fundo terá 75% de suas fibras do tipo I e um sprinter de cerca de 80% do tipo IIb.

Regeneração Muscular

A capacidade de regeneração do tecido muscular estriado esquelético é muito baixa e irregular. Depende da proliferação de células satélites, que se fundem e originam novas fibras.

É menos eficiente em humanos, onde, em geral, a resposta regenerativa é incapaz de acompanhar os passos do dano e as células musculares são substituídas por tecido conjuntivo.

A regeneração depende de fatores como tipo de lesão, corte ou amassamento e estado metabólico do músculo. Técnicas terapêuticas, fundamentadas por pesquisas sobre a proliferação de células satélites, objetivam estimular e aperfeiçoar esta regeneração em humanos.

Cuidados com os músculos

Dada a baixa capacidade de regeneração dos músculos esqueléticos, convém dispensar-lhes alguns cuidados, tais como: Condicionamento físico (manter os músculos ativos); Hidratação; Repouso na presença da dor e busca de atendimento fisioterápico qualificado.

Sabe-se, hoje em dia, que tanto o treino quanto a inatividade podem produzir alterações reais e fisiológicas na fibra muscular esquelética. Os exercícios físicos estimulam o aumento das miofibrilas e de mitocôndrias, deixando o músculo menos propenso a lesões e dores.

Efeitos dos exercícios no desenvolvimento muscular.

Os exercícios físicos estimulam o aumento das miofibrilas, estimulando a síntese de proteína contrátil e aumentando o tamanho do músculo num processo denominado HIPERTROFIA.


O crescimento normal do músculo acontece através da HIPERPLASIA, que consiste no aumento do número de células.

Qual a origem da dor muscular?
Quando o músculo exerce atividade intensa, pode haver insuficiência de oxigênio. Neste caso a célula estriada esquelética recorre à glicólise, que produz ATP de forma anaeróbica, pela fermentação a ácido lático.

O acúmulo de ácido lático pode causar câimbras, dor e fadiga muscular, em função do aumento da acidez citoplasmática (pH muito baixo).

Impactos do envelhecimento:

O envelhecimento causa uma redução no número de fibras musculares. A perda de fibras musculares, moto-neurônios, unidades motoras, massa muscular e força muscular começa entre os 50 e 60 anos, sendo que, por volta dos 80 anos de idade, essa perda alcançaria 50%. Porém, as pessoas que se mantêm fisicamente ativas têm somente perdas moderadas da massa muscular.

Referências e links:
1- Copacabana runners. Lesões musculares
2- Dance outlook
3- GIRON, Paulo Augusto. Princípios de Anatomia Humana: atlas e texto. 2ed. Caxias do Sul : EDUCS, 2009.
4- JUNQUEIRA, L.C.U. ; CARNEIRO J. Histologia Básica. 10ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
5- MATSUDO, Sandra M. et al. Impacto do envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física.

6- SACRAMENTO, Arthur. Fibras Musculares (apresentação)
7- SANTOS, Paulo J. M. Fisiologia do Músculo Esquelético
8- UNICAMP. Músculo esquelético normal
9- VILELA, A. L. M SISTEMA MUSCULAR

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