De 148 espécies de grandes mamíferos da Terra, por que apenas 15 foram domesticadas? Por que conseguimos domar e criar cavalos por milhares de anos, mas nunca tivemos sucesso com as zebras, apesar de várias tentativas na Inglaterra?
Mesmo havendo centenas de animais mantidos em casas, como animais de estimação, vez por outra acidentes acontecem, pois eles não se tornaram efetivamente domesticados.
Um exemplo disso são os chimpanzés que, mesmo sendo criados com humanos desde a infância, ao atingirem a idade adulta manifestam seu comportamento instintivo de territorialidade e podem atacar seres humano, usando sua força física superior.
Um ataque destes foi protagonizado por dois machos de chimpanzés que fugiram de um santuário de animais em St. James Davis, na Califórnia e atacaram um casal. O homem, um senhor de 62 anos, foi gravemente ferido, eles mastigaram-lhe a cara, amputando seu pé e mutilando os membros e genitais.
Embora os animais do caso acima fossem muito amados e criados desde bebês por seres humanos, este fato comprova que chimpanzés ainda não são domesticáveis! Uma das causas é o fato deles terem um grande instinto de territorialidade, há relatos de ataques a outros chimpanzés de grupos rivais, incluindo a morte e devora dos mesmos. Assim no caso citado, eles não atacaram as “pessoas” do “seu grupo”, mas visitantes que foram vistos como invasores do seu território.
A domesticidade pode ser definida como um “amor indistinto” a todos os seres humanos e têm uma base genética. Provaram isso pesquisadores chefiados pelo biólogo Dmitri Belyaev, do Instituto de Citologia e Genética, no sul da Sibéria. Num experimento iniciado há mais de meio século, foram escolhidas 130 raposas de criadores que comercializavam a pele desses animais. Implementaram, com elas, uma reprodução seletiva cuja finalidade era reencenar um processo iniciado há mais de 15 mil anos: a transformação de lobos em cães pela evolução.
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Raposa-prateada da Sibéria |
Além disso, a seleção das raposas para reprodução, baseada somente em sua docilidade com os seres humanos, também alterou a aparência física dos animais juntamente com seu temperamento. Apenas nove gerações depois, os pesquisadores registraram filhotes de raposa nascidos com orelhas mais caídas. Na pelagem surgiram manchas. As raposas, a essa altura, já abanavam o rabo e choramingavam pedindo atenção na presença de seres humanos.
O grande motor dessas mudanças, postulou Belyaev, era um grupo de genes que originava uma propensão à docilidade, um genótipo que as raposas talvez possuíssem em comum com qualquer espécie passível de domesticação.
Hoje, na fazenda de raposas, estão sendo procurados os “genes da domesticação”. Cientistas de outros lugares também investigam o DNA de porcos, galinhas, cavalos e outras espécies domésticas, tentando detectar as diferenças que as distinguiram de seus ancestrais. Esses estudos procuram responder a uma questão fundamental da biologia: Como é possível obter essa enorme transformação de animais selvagens em animais domésticos?
Nota: O artigo completo de Evan Ratliff está na revista National Geografic de março, 2011. Nas referências abaixo há links interessantes que merecem ser conferidos. A ideia deste post veio da indicação do artigo que recebi de Eli Vieira do blog Evolucionismo.
Referências e links:
1- HAVILAH, Calif. Chimp attack doesn’t surprise experts. US News
2- Marmota: Biodiversidade da história de Londres e perigos reais de hoje.
3- RATLIFF, Evan. Selvagens em casa. National Geographic Brasil.
4- REVISTA NATIONAL GEOGRAPHIC. Os chimpanzés da savana africana.
5- TPMAHOLICS. The Silver Fox.
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