Como o príncipe deve manter a afeição do povo?
Aquele príncipe que é odiado pelo povo e amado pelos grandes pode ter poucas chances de sobrevivência. Os grandes amam de acordo com as conveniências e são dificilmente apazi-guados nas suas demandas. Portanto o príncipe dever procurar conquistar a simpatia do povo, mesmo que tenha sido inicialmente alçado ao poder pelos grandes.
A possível origem da divisão do poder do estado em três poderes aconteceu na França onde o rei estabeleceu, além do parlamento, um terceiro juiz para “diminuir o peso da odiosidade dos grandes em sendo favorecido o povo ou deste ao dever apoiar os grandes”, contendo desta forma os grandes e amparando os pequenos. “Os príncipes devem atribuir a outrem as coisas odiosas, reservando para si aquelas “de graça”. Conclui Maquiavel que “um príncipe deve estimar os grandes, mas não ser fazer odiado pelo povo”.
Cidades fortificadas.
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Bourtange, Holanda |
Milícia própria: preferir esta ao invés de tropas mercenárias.
As tropas mercenárias só não são piores do que as tropas auxiliares (aquelas cedidas por aliados).
Maquiavel cita como causa do depauperamento da Itália nos seus dias ao emprego sis-temático de forças militares mercenárias. Uma vez contratados, mercenários tornam difícil a sua conservação ou demissão, por isto Hierão de Siracusa preferiu cortar todos os seus soldados em pedaços depois de uma campanha bem sucedida.
Como Maquiavel se refere a ação do príncipe quando conquista uma província de língua costume e leis diferentes?
Existem três maneiras de conservar tais províncias: 1) arruiná-las; 2) habitá-las pessoal-mente; 3) deixá-las viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando em seu interior um go-verno de poucos.
Graças ao fato de terem empregado o terceiro tipo em suas invasões, os romanos preser-varam além da herança helenística, outras heranças culturais.
Na obra, tratando da tomada do poder por Agátocles, como Maquiavel explica a ação política deste rei da Cecília?
É um exemplo raro de um príncipe que tomou o poder através de crimes e conseguiu con-servá-lo. Baseado estritamente na sua ascensão sobre as milícias tomou decisões arriscadas e co-rajosas, matou concidadãos, traiu amigos, praticou impiedades.
Graças a isto jamais poderá ser considerado ilustre.
Seus feitos não podem ser atribuídos nem à fortuna, nem à virtude, pois nunca dependeu de ninguém, baseando seus atos em exacerbada crueldade, desumanidade e infinitas perversida-des.
Como Maquiavel trata o problema das forças militares mercenárias?
Maquiavel condena enfaticamente o emprego de forças mercenárias e dá inumeráveis e-xemplos dos nefastos resultados desta prática. Para a conservação do poder, um dos pilares é dispor de “boas leis e boas armas”. Ora, armas alheias não são boas e podem ser inúteis e perigo-sas. Um príncipe apoiado nelas nunca estará seguro porque são tropas “indisciplinadas, infiéis; galhardas entre os amigos, vis entre os inimigos; não temor a Deus e não têm fé nos homens.”
Texto de Isaias Malta da Cunha
Revisão e ilustração: Gladis Franck da Cunha
Fontes das imagens:
1- Tirano por Cidade Verde
2- Bourtange Holanda por ciberfazendeiro
3- Mercenário por Blog do CPF
Interessante quando ele fala que após a tomada de certo território, se deveria abrir mão de muitos fiéis aliados (comenta algo sobre a suposta "fidelidade" de quem as pessoas tem por "aliados", interessante demais) e tomar daquele território, nascidos ali, alguns membros e\ou conselheiros, para que este povo se sinta prestigiado. Claro que não se deveria, à esses, confiar grande segredo algum. Mas, ele diz ser necessário.
ResponderExcluirO mesmo livro comentado por Napoleão Bonaparte é um dos maiores tesouros que um humano pode ter. Assistir à esta "conversa imaginária" dos dois é fascinante. Não sei quem teve a idéia daquela edição, mas, deixo aqui meu elogio e aplausos: genial e parabéns.
Bom mesmo ler você falando desse livro, grande livro.