por Gladis Franck da Cunha
As algas são as principais responsáveis pela manutenção das altas taxas de oxigênio na atmosfera terrestre. Elas pertencem ao Reino Protoctista e podem ser micro ou macroalgas.
As macroalgas são algas pluricelulares que podem ser vistas a olho nu, como as da imagem acima ou os sargaços abaixo. Há cerca de 32 mil espécies de macroalgas pertencentes aos três grupos principais: verdes, vermelhas e pardas, mas apenas 100 são exploradas comercialmente.
As algas em geral têm propriedades estimulantes e reguladoras do metabolismo, reforçadoras das defesas naturais, estimulantes da circulação, antianêmicas, antirreumatismais, anti-infecciosas, antirraquíticas. Possuem, ainda, ações benéficas reconhecidas em geriatria na hipertensão, na impotência, na osteoporose, na obesidade, nas afecções dos rins e no sistema nervoso. São depurativas e têm efeito alcalinizante, que compensa, em parte, o excesso de efeito ácido da alimentação corrente, frequentemente desequilibrada. As macroalgas têm inúmeras aplicações e a aquicultura de algas é o terceiro maior recurso aquático do mundo:
1- No Japão elas ocupam papel de destaque na dieta da população. O famoso sushi é, geralmente, preparado com a alga Nori. Este é um hábito muito saudável, pois a maioria das algas contém bastante iodo, mais do que a própria água do mar. Algumas algas contêm Vitamina B12 em quantidade comparável à encontrada no fígado de vaca. Outras, possuem quase tanta Vitamina E como a que se encontra no gérmen de trigo.
2- No Brasil, elas são pouco utilizadas como alimentos “diretos”, mas estão presentes em gelatinas, pudins e até na cerveja. Além disso, são utilizadas em pastas de dentes.
3- Elas também estão sendo usadas em pesquisas espaciais, na tentativa de modificar o ambiente de outros planetas e aproximá-lo do ambiente da Terra, pois são acostumadas a condições extremas de temperatura.
4- Também, têm sido aplicadas em processos de saneamento, abastecimento de água, gestão de recursos ambientais e na indústria petroquímica.
Apesar de todas estas aplicações já estabelecidas, especula-se que as algas ainda podem fazer muito mais por nós do que imaginamos! Isso porque pesquisas recentes mostram que compostos produzidos por estes organismos têm um incrível potencial biotecnológico, desde a ação contra o câncer e a trombose à ação fotoprotetora e antienvelhecimento.
Na agricultura, substâncias extraídas de algumas algas estimulam o desenvolvimento das raízes, podendo evitar a utilização de fertilizantes químicos.
No campo da saúde humana está sendo pesquisada a ação de polissacarídeos sulfatados (fucanas) de algas marinhas pardas na destruição de células cancerosas e também no tratamento da trombose [1]. As pesquisas têm evidenciado que quanto mais fucanas maior a inibição das células tumorais, porque estas substâncias provocam a morte das células cancerosas. As fucanas também apresentam ação contra a trombose.
Um tratamento preventivo do câncer é a ação antioxidante e fotoprotetora de carotenoides presentes em algas e que poderão ser usados na fabricação de filtros solares, evitando-se assim o aparecimento de câncer em consequência da exposição a raios UV, assim como os antioxidantes naturais poderão auxiliar o combate ao envelhecimento da pele.
Outra pesquisa numa parceria entre a Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Instituto Oswaldo Cruz, que está produzindo um gel com uma substância microbicida da alga Dictyota pfaffi tem indicado que esse gel tem apresentado potencial de inibir a transmissão do vírus HIV [2].
Estes são bons argumentos para que mais recursos sejam investidos neste tipo de pesquisa. Bem como, encontremos ainda mais razões para preservação dos mares [3].
Notas:
1- Pesquisa do bioquímico Hugo Alexandre Rocha da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
2- Depois de dez anos de estudos, as biólogas Valéria Laneuville Teixeira e Izabel Paixão Frugulhetti, do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense, estão próximas de um novo medicamento antiviral, que se mostrou promissor no combate ao HIV-1. O princípio ativo da alga é o diterpeno, que funciona também contra o Herpes, que é um vírus mais simples.
3- Leia também: “O que eu posso fazer contra o aquecimento global”; “Campanha pela Lei da sacola paga” e “Sacolas plásticas são comestíveis”
Referências, fontes da imagens e links:
1- BENJAMIN, Carolina. Quando crescer vou ser...ficólogo! Ciência Hoje das Crianças. Ano 17 n. 143, jan/fev 2004.
2- BERLINCK, Roberto. Ciências do Mar na crista da onda. Química de Produtos Naturais. 29/07/2010.
3- FRAGA, Isabela. Algas promissoras. Ciência Hoje vol.46 n.274, set. 2010.
4- GOVERNO, Isabel Nunes. Algas à Mesa, Fonte de Saúde. Espaço Ecológico. 20-Dez-2010
5- IVFRJ On Line - 18ª Edição. Alga do litoral brasileiro é promessa no combate ao HIV. 08 set. 2005.
6- Sargaços - álbum: Postais e Fotos de Portugal, In Webshots channel: good times.
7- Sushis -Klickeducação
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