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Audição de piano/2010 |
O que é um ano? Na vida civil é uma contagem de 365 dias e quatro horas, os quais permitem à Terra dar um giro completo em torno do Sol.
No piano é o tempo necessário para vencer um determinado conteúdo musical. Isso pode durar seis meses, um ano, um ano e meio, dois anos ou mais e, em alguns casos, muito raros, poucos dias.
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Relógio de Dali |
Por isso esta trajetória de estudos não permite comparações, nem a formação de turmas, já que o tempo difere de um sujeito para o outro. Eu faço parte dos que avançam devagar, mas sem parar, desde agosto de 2005. Apenas, na Iniciação eu andei rápido e conclui o conteúdo de um ano em seis meses. Dessa etapa para cá o tempo têm se alongado como nos relógios de Salvador Dali.
Quantos giros a Terra dará em torno do Sol até que eu conclua o terceiro ano de Piano? Este é um mistério, pois nesta etapa começa-se a enfrentar os Estudos de Bertini, longos e difíceis, mas são eles que permitirão o avanço técnico necessário para seguir adiante e enfrentar as peças cada vez mais complexas dos grandes compositores.
Contudo, no terceiro ano se começa a tocar peças originais de Bach, Beethoven, Tchaikovsky, entre outros. Claro que aprendemos suas peças mais fáceis, mas são as versões originais e não mais as facilitadas. Esta é uma emoção incomparável, colocar as próprias mãos a serviço destes grandes gênios da música.
Nas vezes que a execução sai do jeito que gostaríamos sentimos um profundo gozo e a alma fica repleta. São momentos mágicos, por isso se diz que a música é um alimento para a alma.
Porém, nesta semana vivenciei a descoberta pessoal de que a música alimenta o cérebro e os neurônios recorrem a ela para se “reanimarem”. Na quinta-feira eu estava cansadíssima, com todas as atividades de final de semestre como professora e como coordenadora de curso, provas, correções, fechamentos de notas, problemas com oferta de disciplinas e a matrícula dos alunos, revisões de cursos, provas de recuperação e outras tantas demandas...
Ao final da tarde, muitas vezes parecia que eu entrava num estado de estupor mental, então meu cérebro se enchia de música, especificamente da Sonatina em Sol de Beethoven, que estou estudando. Todos os outros pensamentos silenciavam e minha cabeça se transformava num recital de piano. Não sei como ficava minha expressão facial nestes instantes. Será que ficava com expressão de intensa sonolência como dos usuários de heroína? Quanto tempo estas seções musicais duravam? São perguntas que não tenho como responder, mas sei que dessa forma meu cérebro descansava e eu conseguia seguir adiante com algumas tarefas.
Enfim, não me importa quantas voltas a Terra precise dar em torno do Sol, pois sigo em frente enfrentando os desafios e vivenciando os encantamentos deste terceiro ano de estudo de piano.
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