28 novembro, 2010

TECIDO GLANDULAR OU SECRETOR: SISTEMA ENDÓCRINO

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Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que são lançados na corrente sanguínea e irão atuar em outra parte do organismo, controlando ou auxiliando o controle de sua função.

Os órgãos que têm sua função controlada e/ou regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo.

A função central do Sistema Hormonal é regular e controlar o emprego dos alimentos, inclusive a digestão de alimentos sólidos, a ingestão e uso de Oxigênio e o metabolismo e equilíbrio dos carboidratos, gorduras, proteínas , sais minerais e água. Estas funções resultam no desenvolvimento do corpo, manutenção da vitalidade e capacidade de reprodução e manutenção da espécie.


Interações entre os sistemas endócrino e nervoso:

Os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais sistemas corporais. Frequentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando mecanismos reguladores bastante precisos.

O sistema nervoso pode fornecer ao endócrino a informação sobre o meio externo, ao passo que o sistema endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação.

Os sistemas de comunicação hormonais ampliam os sistemas de comunicação nervosos dentro do organismo.

Dessa forma, o sistema endócrino, juntamente com o sistema nervoso, atuam na coordenação e regulação das funções corporais.

Como se dá esta interação?
A hipófise secreta hormônios que controlam outras glândulas, mas está subordinada, por sua vez, ao sistema nervoso, pode-se dizer que o sistema endócrino é subordinado ao nervoso e que o hipotálamo é o mediador entre esses dois sistemas.

Exemplo: O hipotálamo estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios gonadotróficos (FSH e LH), que atuam sobre as gônadas, estimulando a liberação de hormônios sexuais na corrente sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do hormônio gonadotrófico é o ovário; no homem, são os testículos. Após a sua liberação, os hormônios sexuais são detectados pela pituitária e pelo hipotálamo, inibindo a liberação de mais hormônio pituitário, por retroalimentação negativa.

Mecanismos interativos entre sistema nervoso e endócrino:
As ações dos sistemas sistema nervoso e endócrino são realizadas por meio dos mecanismos telécrino, parácrino, autócrino ou neurócrino.

No mecanismo telécrino, os hormônios são liberados na corrente sanguínea, agindo sobre células em locais distantes de onde foram produzidos.

No mecanismo parácrino, os hormônios são liberados nas proximidades do local onde foram produzidos, agindo sobre células vizinhas, como a serotonina que é liberada pelas células presentes em todo trato gastrointestinal, atua localmente sobre a musculatura lisa, regulando os movimentos intestinais. No sistema nervoso central este mesmo hormônio é produzido por outras células endócrinas ali presentes, atuando como neurotransmissor que ativa neurônios capazes de produzir uma sensação de bem estar, por isso é considerada o hormônio da felicidade.

O mecanismo autócrino é uma forma das células se autocontrolarem, ou seja, quando liberados os seus hormônios atuam sobre os próprios tipos celulares que os secretaram.

No mecanismo neurócrino, os hormônios são liberados nas terminações nervosas e atuam como neurotransmissores ou neuromoduladores.

Os Hormônios
São denominadas como hormônios diferentes moléculas químicas como peptídeos, proteínas ou esteroides. Sua característica comum é serem secretadas para o interior do organismo. Em geral, são secretados em capilares sanguíneos. Assim, eles são produzidos em uma parte do corpo e então viajam para fazer efeito em outra parte. Deste modo uma célula pode afetar outras células distantes.

O sistema endócrino é um sistema refinado de verificações e equilíbrios em forma de circuitos realimentados que facilitam o funcionamento normal de todos os sistemas do organismo. Os hormônios podem ser produzidos e ter uma ação local, ou podem ser produzidos em uma glândula endócrina e ter efeito em um local distante.

Células endócrinas:
Além das glândulas endócrinas há muitas células endócrinas isoladas, especialmente no trato digestivo. A razão disso é que os eventos motores, secretores e absortivos do trato gastrointestinal (TGI) devem ser integrados para permitir que os nutrientes, contidos no alimento ingerido, possam ser digeridos, com redução a partículas mais simples e, assim, serem absorvidos.

Essa integração é efetivada por ações e interações dos sistemas nervoso e endócrino, o que possibilita controlar a mobilidade e a velocidade de trânsito do bolo alimentar através do tubo digestório. Além disso, as várias secreções de enzimas devem ser ativadas e agir sobre os nutrientes, no momento certo, nas quantidades adequadas e em um meio com pH ideal. Desta maneira, os produtos oriundos das reações enzimáticas podem ser absorvidos e chegar às circulações sanguínea e linfática.

Ilhotas de Langerhans do Pâncreas Endócrino

Um dos exemplos mais conhecidos de células endócrinas são as células Alfa (A), Beta (B) e Delta (D) das ilhotas de Langherans do pâncreas. As células Alfa situam-se especialmente na zona periférica da ilhota e secretam o hormônio glucagon. As células Beta são mais numerosas e situam-se, principalmente, no centro da ilhota, produzindo o hormônio insulina. As células Delta se inserem entres as células A e B e secretam a somatostatina. Este é um hormônio proteico que intervém indiretamente na regulagem da glicemia, e inibe a secreção da insulina e do glucagon. A secreção da somatostatina é regulada pelos altos níveis de glicose, aminoácidos e de glucagon. Seu déficit ou seu excesso provocam indiretamente transtornos no metabolismo dos carboidratos.

AS SETE PRINCIPAIS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS.
As glândulas endócrinas são unidades funcionais formadas por tecidos que segregam hormônios. Cada glândula tem funções específicas que ajudam a manter o organismo interno em condições normais, promovendo a sua sobrevivência.

1- Hipófise ou Pituitária: A hipófise tem duas porções diferenciadas com origem dupla: a neuro-hipófise se origina da evaginação do diencéfalo e a adenoipófise tem origem ectodérmica a partir da invaginação do teto da boca primitiva.

Esta glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo, que se prolonga para o interior e separa a neuroipófise da adenoipófise.


Adenoipófise (pituitária anterior): tem a aparência típica de uma glândula endócrina cordonal com capilares sinusóides. Ela produz vários hormônios, alguns com efeitos sobre todos os tecidos e outros destinados a órgãos-alvo. Em geral, os órgãos-alvo são outras glândulas endócrinas, de forma que a hipófise controla as demais glândulas e as respostas metabólicas para adaptação do organismo ao meio. O cérebro recebe informações que, a partir do hipotálamo, desencadeiam a síntese dos hormônios da hipófise, necessários para a adaptação do organismo ao meio.

Hormônios adenoipofisiários: 1-do crescimento (afeta todo o organismo); 2-prolactina (provoca a formação de leite pelas glândulas mamárias); 3-tireotrófico (regula a tireóide); 4- gonadotróficos (regulam o funcionamento das gônadas, exemplos: folículo estimulante, que provoca o crescimento dos folículos ovarianos; luteinizante, que provoca a ovulação e formação do corpo lúteo); 5- adenocorticotrófico (regula as adrenais); 6- melanotrófico, (afeta a tonalidade da pele dos anfíbios, que se adaptam aos tons do meio).

Neuro-hipófise: constituída por tecido nervoso ela possui neurônios secretores.

Hormônios neuroipofisiários (pituitária posterior): 1-vasopressina ou antidiurético (ADH); 2- oxitocina, que promove a contração da musculatura uterina durante o coito e o parto, também ativa as células mioepiteliais das glândulas mamárias durante a lactação. Além disso, produz vários fatores de liberação dos diferentes hormônios da adenoipófise.

2- Tireoide  Glândula formada por dois lobos unidos por um istmo. Envolta por uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo que envia septos para o interior, os quais separam vários folículos envoltos por uma fina camada de tecido conjuntivo rico em fibras reticulares.

Cada folículo tireoidiano constitui-se de uma camada de tecido epitelial cuboide, que envolve uma substância gelatinosa, chamada de colóide. O tecido entre os folículos é intensamente vascularizado por capilares sanguíneos fenestrado e capilares linfáticos. Recebe inervação simpática e parassimpática.


A tireoide é regulada pelo hormônio tireotrófico da hipófise (TSH). Ela secreta os hormônios tiroxina ou tetraiodotironina (T4) e triiodotironina (T3), que estimulam o metabolismo. Estes hormônios são armazenados no colóide numa forma inativa e, quando necessários são “ativados” e liberados na corrente sanguínea.

3- Adrenais (suprarrenais): As adrenais são órgãos pares, dispostos sobre o pólo superior de cada rim. Têm forma achatada de meia-lua, são encapsuladas e nos cortes a fresco apresentam duas nítidas camadas: uma cortical de cor amarelada e uma medular de coloração acinzentada. A origem embriológica destas duas camadas é diferente, a camada cortical deriva do mesoderma enquanto a medular se origina da crista neural.

O aspecto da camada medular é cordonal e apresenta intensa vascularização por capilares sinusoidais, os quais apresentam células fagocitárias em suas paredes e veias. A secreção das células medulares é para o interior das veias. Nesta camada são secretados os hormônios adrenalina e noradrenalina.

Na camada cortical, podem-se distinguir três zonas: zona glomerulosa (mais externa), zona fasciculada (intermediária) e zona reticulada (junto à camada medular).


A função da camada cortical das adrenais é a produção de hormônios esteroides para manter a homeostase do organismo, ou seja, manter a constituição química ideal dos líquidos intercelulares a fim de garantir o melhor funcionamento das células. Na camada cortical são secretados os seguintes hormônios:
a- glicocorticoides → promovem o aumento da produção de glicogênio, a elevação da glicose no sangue e a mobilização de lipídios do tecido adiposo;
b- mineralocorticoides → controlam a reabsorção de sódio;
c- deidroepiandorsterona → tem efeito anabolizante e masculinizante.

4- Paratireoides: As paratireoides são quatro glândulas pequenas, envoltas por uma cápsula de conjuntivo, que envia trabéculas para o interior das glândulas.

No parênquima das paratireoides são observados dois tipos de células< as células principais e as oxifílicas, além de células adiposas. Secretam o hormônio paratormônio, que regula os níveis de íons cálcio e fosfato no plasma.

5- Corpo pineal: Localizado na extremidade posterior do terceiro ventrículo, é revestido pela pia-máter e possui vários tipos celulares. Sabe-se que atua sobre as Gônadas inibindo a função gonadal e evitando o amadurecimento sexual precoce.

6- Testículos: São órgãos com função dupla: produção de espermatozóides e secreção de hormônios masculinos → a testosterona.

Encontram-se no saco escrotal dos machos de mamíferos, possuem uma cápsula de tecido conjuntivo (a albugínea), a qual envia septos para o interior, dividindo os testículos em 250 compartimentos → os lóbulos testiculares. Cada lóbulo tem de 1 a 4 túbulos seminíferos. Cada túbulo seminífero é constituído por uma cápsula, uma lâmina basal e um epitélio com as células germinativas.

testiculo histologia

7- Ovários: São órgãos com função dupla: produção de óvulos e secreção de hormônios femininos → estrogênio e progesterona.

Encontram-se no abdômen das fêmeas de mamíferos, possuem uma cápsula de tecido conjuntivo (a albugínea) e duas zonas internas. A zona medular é constituída por tecido conjuntivo frouxo intensamente irrigado. A zona cortical apresenta vários folículos ovarianos em diferentes estágios de amadurecimento.

Referências e Links:
1- AULA DE FISIOLOGIA. Sistema Endócrino.
2- Blog de Biología Miss María Soledad 
3- ESCOLA GURDJIEFF SÃO PAULO. As glândulas Endócrinas. acesso em novembro 2010.
4- FANKHAUSER, David B. REVIEW OF LABELED IMAGES FROM A&P 202.
University of Cincinnati Clermont College, Batavia OH 45103. acesso, novembro 2010.
5- HISTOLOGY LEARNING SYSTEM. Endocrine System
6- HISTOLOGY-WORLD! Histology Photo Album
7- JUNQUEIRA, L.C.U. ; CARNEIRO J. Histologia Básica. 10ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
8- LOOKFORDIAGNOSIS. Ovário
9- MORAES, I.A. REPRODUÇÃO NOS MACHOS.
10- PSICOSSOMATICA. Suprarrenais e Emoções.
11- RODRIGUES1, S.S.; FONSECA2, C.C.; NEVES3, M.T.D. Células endócrinas do sistema gastroenteropancreático: Conceitos, distribuição, secreções, ação e controle. Arq. ciên. vet. zool. UNIPAR, 8(2): p. 171-180, 2005.  acesso em novembro, 2010.
12- SCHOOL OF ANATOMY AND HUMAN BIOLOGY - THE UNIVERSITY OF WESTERN AUSTRALIA. Blue Histology - Histology on the Internet.
13- SIUMED Endocrine System Histology 
14- STOCK ILLUSTRATION SOURCE. Thyroid and Parathyroid
15- THYROID & ADRENAL RESEARCH INSTITUTE. Adrenal gland anatomy and physiology.
16- UCSF 
17- UIOWA. Atlas virtual de doenças
18- VILELA, A.L.M. SISTEMA ENDÓCRINO. Anatomia e Fisiologia Humanas.  acesso em novembro 2010.
19- WIKIPEDIA. Somatostatina  acesso em novembro 2010.

3 comentários:

  1. Excelentes informações, post riquíssimo, seu blog é super organizado e recheado de contéudos muito bons, parabéns, pois realizado um belo trabalho. Esse post a respeito do sistma endôcrino é fantástico!

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  2. Alex,
    Muito obrigada pelo comentário estimulante, ao saber que as pessoas gostam fico mais animada a continuar com este trabalho.

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  3. Muito bom,isso me esta me ajudando em um trabalho escolar.✨

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