18 julho, 2010

Erros a não cometer em um exame probatório!

por

Esta reflexão partiu das vivências num exame de piano referente ao segundo ano final, segundo o Instituto Musical Verdi de Porto Alegre.

Os cursos vinculados ao Instituto Verdi são estruturados com as seguintes séries: Iniciação; Preparatório; Curso Fundamental (primeiro ao sexto ano) e Curso Superior (sétimo ao nono ano). Cada uma destas séries tem duas etapas: parcial e final.

Teoricamente, cada uma destas etapas se refere a um semestre de estudos, mas na prática os tempos individuais variam muito, assim há alunos que, ao final de um semestre, fazem dois exames, vencendo o conteúdo de um ano inteiro, enquanto outros precisam de um ano inteiro para cumprir o conteúdo de um semestre.

À medida que as dificuldades avançam a tendência é usar-se mais tempo, especialmente quando o estudo de piano é uma das atividades entre tantas outras responsabilidades da vida adulta ou mesmo adolescente. Particularmente, venci os conteúdos da Iniciação em apenas um semestre, já no Preparatório consegui completar cada etapa em um semestre e depois o tempo se alongou, tanto que para atingir as metas do segundo ano final necessitei de um ano e meio de estudos e foi o exame mais nervoso que vivi, mesmo não dependendo disso para sobreviver. Fui aprovada, mas mais do que isso “experenciei com a própria pele” algumas teorias da neuroeducação, que podem nos auxiliar em situações probatórias. Então partamos para as questões essenciais: Como preparar-se para um exame probatório? Como não deixar que o nervosismo extremo nos derrote? E, principalmente, como evitar situações que nos compliquem ainda mais?

A resposta a primeira questão é simples: temos que estudar muito e isso exige, que criemos uma disciplina de estudo e, na maioria das vezes, que abramos mão de certos lazeres.

Já a resposta a segunda questão é um grande mistério, mas podemos minimizar os efeitos do nervosismo através de exercícios respiratórios que deixem nossa respiração lenta ou tomar um suco de maracujá, entre outras atitudes calmantes. Mas, principalmente devemos saber a resposta á terceira questão: Como evitar situações que nos compliquem ainda mais?

Aprendi nessa última vivência que não se pode ir a um exame com a barriga muito cheia. Entre minha prova e o almoço, que é minha principal refeição, transcorrera um tempo menor do que duas horas e isso foi terrível. Os exames anteriores eu havia feito pela manhã e não tinha tido sensação de nó no estômago tão péssima como desta vez. Este foi um erro grave. Deve-se deixar um intervalo de, pelo menos, três horas quando a refeição é mais farta. Além disso, as refeições antes de provas devem ser leves, pouco temperadas e incluir vegetais e frutas sabidamente calmantes como alface, maracujá, brócolis, etc.

Deve-se evitar mudar situações ou ambientes conhecidos. Nesse exame, fiz uma coisa inédita até então, como estava muito frio, antes da minha prova entrei na saleta de estudos para aquecer os dedos ao piano. Porém, para não atrapalhar, este piano estava com abafador e não se ouvia nenhum som. Comecei a treinar uma peça, mas a falta do som de retorno causou um curto-circuito cerebral. Fiquei com a impressão de que já não sabia mais nada, as notas da partitura se tornaram estranhas e o nó no estômago assomou forte. Então resolvi apenas fazer um dos exercícios repetitivos do Hanon, mas isso também não ajudou muito.

Na verdade quando conhecemos muito bem um ambiente e nele costumamos estudar, qualquer mudança pode atrapalhar bastante. Pesquisas com psicobiologia mostraram que as aranhas são muito afetadas quando seu ambiente muda.

Num experimento sobre luta territorial foram investigadas duas situações. Na primeira cada aranha era criada em um pote, mantido sempre na mesma posição. Quando ao pote era acrescentada uma aranha rival, elas entravam em luta territorial e, dificilmente, a aranha original perdia a luta. Ao contrário, quando, ao colocar a rival o pote era virado de cabeça para baixo, a “proprietária” dificilmente ganhava a luta, porque ficava mais atrapalhada do que a novata.

No experimento em que o ambiente não era alterado, o fato de já conhecê-lo bem permitia que a aranha moradora concentrasse todas as suas energias na luta, enquanto a novata tinha que dividir sua atenção entre a luta e o reconhecimento do local. Já no segundo caso, quando o ambiente conhecido era totalmente alterado a aranha moradora gastava muito mais energia do que a novata para reconhecimento do local, perdendo a luta.

A tentativa de tocar num piano conhecido, porém sem o costumeiro som, foi como virar o mundo de cabeça para baixo. Da próxima vez, se tiver que fazer um exame no inverno, levarei uma bolsa de água quente para aquecer as mãos.

Durante o exame, o nervosismo transforma o piano num ambiente inóspito e nossa cabeça parece se tornar oca em alguns momentos. Apesar de todo o tormento que vivi e dos erros cometidos, a professora Leda que é a examinadora do Instituto Musical Verdi conseguiu avaliar o estudo e habilidades desenvolvidas, através dos momentos de acerto. Além disso, as professoras não deixam ir a exame alunos sem condições de serem aprovados. Assim, consegui uma boa nota: 90/100. Essa avaliação que consegue levar em conta o processo como um todo e não apenas um resultado final, merece ser respeitada e deveria ser aplicada por todos os educadores.

Agora começará o terceiro ano, mais difícil, provavelmente mais longo, porém, mais enriquecedor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails