04 julho, 2010

Como os intestinos podem afetar a memória?

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Experiências com ratos treinados para a tarefa de esquiva indicaram que um peptídio liberado pelo duodeno a colecistocinina (CCK) teve o mesmo efeito da alimentação na retenção do aprendizado. Evidenciando as interações do sistema nervoso central e o periférico na modulação da memória.

Estes experimentos se contrapõem à crença comum de que a memória, assim como outras funções superiores do sistema nervoso são exclusivamente cerebrais. Na verdade o cérebro é uma das partes de um todo orgânico que trabalha de forma integrada.

Netto (1987) relata experimentos com ratos que foram divididos em dois grupos:
1- Grupo teste: ratos privados de alimentos antes do treinamento em tarefas de esquiva, mas alimentados logo após.
2- Grupo controle: ratos não-privados de alimentos antes do teste e alimentados logo após.

Os ratos do grupo teste obtiveram melhores resultados de retenção de memória do que os do grupo controle. Por isso os pesquisadores decidiram testar o CCK  que é um peptídio liberado pelo duodeno e jejuno e promove a liberação de enzimas digestivas. Assim, em vez de serem alimentados, o grupo teste passou a receber doses crescentes de CCK, após o treino, verificando que as doses intermediárias causavam facilitação da evocação.

Além disso, com experimentos posteriores, verificou-se que o efeito da CCK depende, também, da integridade do nervo Vago, indicando que a CCK melhora a evocação da memória ao ativar vias nervosas que conduzem informações das vísceras para o cérebro e que parte do efeito facilitador da memória se deve à CCK.

Todavia, a CCK,  além de ser um peptídio gastrointestinal, é também sintetizado por grupos neuronais do Sistema Nervoso Central (SNC), atuando como neurotransmissor\neuromodulador cerebral e participando da modulação da memória. Pesquisadores japoneses demonstraram que a injeção intracerebral de CCK recuperava ratos da amnésia experimental (NATTO, 1987).

Tais experimentos sugerem que o efeito da CCK na modulação da memória envolve tanto mecanismos periféricos, quanto centrais.

Para nosso consumo pessoal, podemos experimentar a seguinte tática para lembrar melhor: primeiro não devemos estudar de "barriga cheia" é melhor deixarmos passar algum tempo após uma refição antes de começar a ler. Segundo devemos comer um pouco, logo após fecharmos os livros ou nos desconectarmos da internet. Nesse caso não deixem também de se hidratar bebendo um copo de água.

Não custa tentar, concordam?

Referências e links:
NETTO, Carlos A. Hormônio Gastrointestinal na modulação da memória. Ciência Hoje, São Paulo, v.07, n. 38. p. 15, dezembro, 1987.


Links relacionados - artigos da Época:
1- A nova onda dos remédios para o cérebro (trecho)

2- Qual é o sexo do seu cérebro? 
3- Reflexões sobre a memória.

Fontes das imagens: Revista Época  e Blog é política.

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