02 março, 2008

Próteses recheadas de chips eletrônicos

cyberpunk
O futuro idealizado na primeira metade do século XX nunca foi a do gênero humano integrado à natureza e sim figuras vestidas de roupas colantes prateadas se locomovendo em calçadas rolantes. Pois bem, o futuro previsto já chegou, mas não se cumpriu na medida em que se imaginava nos filmes de ficção científica da década de 50: a homogeneidade esperada não aconteceu. Tem-se no planeta vários períodos históricos acontecendo simultaneamente, desde o paleolítico aborígene até a supremacia tecnológica compartilhada pela elite dos habitantes de países supercivilizados.

De uma certa forma, o desejo expresso na iconografia do futuro está se realizando no sentido do afastamento incondicional do homem da natureza, onde a urbanização tornada padrão e graças à dinâmica proporcionada pela rede dos transportes super-rápidos, aplainou as diferenças culturais. As aquisições tecnológicas ocorrem padronizadamente em todas os lugares: carros, telefones, sistema urbano, comunicações, edifícios, etc, deflagraram a irreversível ocidentalização mundial.

Nesse contexto, observa-se um fenômeno curioso no seio da massa consumidora de tecnologia – a materialização do sonho de ficção científica do gênero cyberpunk na mesma medida de filmes como Metrópolis, Blade Runner e Matrix. Observa-se máquinas se humanizando e humanos paulatinamente se mecanizando, pioneiramente sob a massificação dos implantes de próteses e num segundo momento, pela implantação de chips no corpo de toda a eletrônica embarcada que atualmente as pessoas portam nas suas bolsas e roupas.

A geração dependente de Ipods, palm-tops, mp3-players, iphones, bluetooths, GPS, etc, demanda conexões full-time, então não seria surpreendente a corrida às clinicas quando começar a venda do primeiro aparelho chip-computador dentro do corpo. Então, definitivamente o homem estará caminhando em direção à sua mecanização, dando seguimento à idade do silicone que chegou às ruas no fim do século XX.

Assim, sou levado a imaginar que o futuro da miniaturização eletrônica é cada vez mais a radicalização da nanonização de dispositivos até a sua transformação em chips implantáveis em diversas áreas do corpo. Dependendo de como se encara os benefícios das novas tecnologias, pode ser que o futuro reserve um quadro de dor ou benção. É terror se for imaginado um mundo em que as pessoas tenham implantados em seus corpos chips de localização por satélite, de acesso à internet, de transmissão e recepção de imagens, de reprodução de música digital, ou seja, a internalização orgâniza de tudo que se tem hoje em dia em termos de parafernália eletrônica pessoal. É benção se a evolução humana for entendida como um caminho inexorável em direção à máquina no contrariando a mensagem do visionário filme de Fritz Lang, Metrópolis.

Referências
Título: Próteses recheadas de chips eletrônicos
Autor: Isaias Malta
Publicado em: 02/03/2008
Na página:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails