Quantas vezes uma criança cai até dar passos firmes? As correrias e saltos infantis são tão usufruídos porque ainda é recente a memória das dificuldades enfrentadas até o equilíbrio e a força serem domados. Saber disso é um combustível para persistir nas apresentações de piano, apesar do estresse!
Recomeçar, recomeçar e recomeçar!
Por quanto tempo ainda será isto uma sina? Não sei, mas acredito que haverá um tempo em que poderei me encaminhar resoluta par o piano e nele me entregar à execução da peça, alheia ao público!
No momento, tenho me especializado em levantar e sacudir a poeira. Ainda não consigo dar a volta por cima. Assim, vinte dias após ter enfrentado uma “pane seca” durante a audição anual de piano de Bento Gonçalves, voltei a me apresentar no Projeto “Música na Escola” da Casa das Artes. Dessa vez levei a partitura, para tocar lendo.
As outras audições da Casa das Artes de que havia participado foram à tarde, para as crianças menores do Ensino Fundamental. Nessa última vez fui à noite para alunos do Ensino Médio e vários pais, que acompanharam os alunos de Piano. Esse público, embora bem menos numeroso tem a mesma “cara” do público da audição anual do Clube Aliança. Assim eu fiz uma nova decolagem após a pane seca.
Não tenho como descrever a sensação na boca do estômago. Pareceu-me que se formou um vértice no plexo solar. Apesar disso me levantei, fui ao piano e consegui tocar a peça até o final com erros aceitáveis. Mas após o encerramento eu já não tinha certeza de que havia tocado o final, minha lembrança estava nebulosa. Meu marido confirmou que eu fui até o fim e eu acredito nele, mas não consegui formar uma memória nítida até hoje. Enfim, o certo é que sobrevivi mais uma vez e espero me sair melhor numa próxima vez ou cair e levantar, tentar novamente e novamente.
O fato é que mais uma adulta se apresentou dessa vez. Ela é mãe de uma das meninas que já toca há um pouco mais de tempo. Talvez meu erro na audição anual tenha sido um incentivo maior do que se tivesse me saído muito bem. Eu notei que as crianças menores têm me olhado como se eu fosse uma pessoa igual a elas e isso é muito divertido. Estou fazendo um novo grupo de amigas entre crianças com menos de dez anos de idade.
Ao chegar nas apresentações, eu e meu marido temos sido recepcionados por um sorriso encantador de uma menina extrovertida, loirinha de olhos azuis e cabelos encaracolados. Ela é igual a outra menina, mais tímida, que usa apenas uma roupa diferente mas repete os olhos e os cachinhos dourados. Estas gêmeas começaram a se apresentar em 2007, adoram as audições e nos fazem curtir de forma especial estes momentos compartilhados. Além delas há outras meninas e meninos pequenos com quem nós disputamos o piano para repassar a música antes de começarmos as apresentações. Enfim esse é um mundo novo, um grupo especial de colegas que conferem graça e leveza à vida. Por isso, apesar de todas as dificuldades, é maravilhoso estar aprendendo algo novo, uma nova arte que nos preenche e envolve. A música é uma companhia maravilhosa da qual não deveríamos nos furtar, pois apesar dos tropeços e quedas nós recebemos muito mais do que damos. Experimentem!
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