17 novembro, 2007

Formatações

O conceito de formatação empregado na área da informática é tomado como metáfora para a vida: cada ser nasce programado para andar nos "trilhos" da existência, os que não contestam o seu papel, nascem crescem e morrem como joguetes nas mãos do destino e uns poucos lutam contra as amarras que os prendem à vida comum.

À semelhança dos computadores, somos seres formatados, os detalhes podem diferenciar para cada época em que se vive, mas a essência do seu funcionamento é a mesma.
Os programadores são invisíveis, mas fundamentalmente são dois. Os que querem que despertemos e que conquistemos nossa individualidade consciente, livre das amarras e grilhões que nos aprisionam. E os que querem que sigamos adormecidos e escravos de tudo o que há.

Os que nos querem adormecidos podem nos oferecer PRAZER, e nada mais. Dessa forma, com profundo conhecimento dos nossos instintos e sentidos, PROGRAMAM em nós as mais variadas formas de sentirmos prazer, instigando os desejos e propagando a idéia que dessa forma podemos chegar à SATISFAÇÃO. Não nos dão a idéia de que o prazer é limitado dentro do seu tempo e, terminado esse tempo, encerra o prazer e a satisfação também vai se terminando. Dessa forma o prazer tem que se repetir, e passam a funcionar em nós como vícios, por isso é que somos viciados em comidas, bebidas, esportes, jogos, paixões, trabalho, reuniões familiares, viagens, moda, televisões, computadores, compras, aventuras, conquistas, poder, necessidade de produzir e de competir, de trabalhar todo tempo para poder consumir (ou se consumir) etc.

Se não conseguimos manter o vício nos tornamos INSATISFEITOS, causa da quantidade absurda de depressão e doenças mentais de toda ordem que se vê nos dias de hoje. Então programam em nós novos prazeres, e assim vamos desenvolvendo novos vícios, permanecendo assim em eterno sono, adormecidos e escravos. Um dos principais objetivos dos programadores, é o de nos tirar o tempo livre, para que não possamos refletir, contemplar, agradecer e, principalmente QUESTIONAR. Também é preciso saber que como o prazer por si só não se equilibra, pois ele está em um dos pratos da balança, quem dá o equilíbrio a esta equação é a DOR.

É importante refletir, não existe prazer sem dor. Podemos estar eufóricos em um momento com alguma conquista e arrasados em outro com sua perda. O interessante é que passamos a achar que esta programação é normal. O maior erro da humanidade é encarar o prazer como um fim, e aí se acomodou, não no prazer, mas por ironia, na dor. Eternamente insatisfeita, destrói o que está ao seu redor, meio ambiente e uns aos outros para manter os vícios.

Os que querem nos ajudar a despertar nos oferecem FELICIDADE, que não está vinculada ao tempo, mas tem que ser conquistada. Dão-nos as chaves, mostram o caminho, não prometem presentes, mas nos dão força, proteção, ajuda de toda natureza.
Os que nos querem adormecidos, primeiro nos dão o prêmio (prazer) e inevitavelmente depois nos cobram com a dor. Os que nos querem despertos, primeiro nos exigem a dor (o esforço e o sacrifício de nos livrarmos dos vícios) e depois nos dão o prêmio, a felicidade.

Os programadores se utilizam de todos os recursos possíveis para atingirem seus objetivos. Os principais são os meios de comunicação, as artes, a ciência, qualidade dos alimentos etc, podemos ver aí do lixo ao sublime. Funcionamos como computadores modernos, com um “plug and play” instantâneo, a informação chega em nós e ficamos programados, dessa forma podemos criar centenas, milhares de pequenos vícios a cada dia.
O que é fundamental nessa questão, é sabermos que temos ESCOLHA, e que nenhum programador pode interferir nela, podem somente influenciar, mas o LIVRE ARBÍTRIO é particular e de domínio exclusivo de cada um.

palavras-chave: existência, destino, felicidade, livre arbítrio, programação, prazer

Por: Marcus Franck

Fonte da imagem: Carlos Portela

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