O desenvolvimento científico sem espiritualidade pode resultar em fome, guerra e destruições, porque a sua aplicação se faz à revelia de qualquer limite ético. Partindo dessa premissa geral, no âmbito individual se estabelecem os mesmos dilemas: sem (com)ciência, resta uma vida sem sentido a ser desperdiçada.
O homem, talvez para entender melhor os fenômenos da natureza, do universo, de si mesmo, do por que da vida e de todas as coisas, fracionou, procurou se especializar, achando assim que seria mais fácil achar as respostas. Com isto vemos de um lado os homens da ciência, super especializados, intelectualizados, céticos. Procuram tanto por pequenas respostas que em poucos momentos de sua vida se fazem grandes questionamentos. Acreditam que tudo se resolve pela razão, e alguns se o orgulham de serem privados de sentimentos. Do outro lado vemos os homens das religiões, preocupados em mostrar que a sua é a verdadeira, a que ensina o caminho certo. Tornou-se notória a disputa pelo mercado de fiéis. Tornou-se para muitas um negócio, e parece que muito lucrativo.
A verdadeira espiritualidade não depende de religião, não que não possa se utilizar delas, muitas vezes são importantes nos momentos iniciais, para dar impulso, ânimo e uma direção. Aquele que tem anelos espirituais, de certo momento em diante, não pode mais ter condicionamentos. Existe um Guia interno em cada um de nós que nos mostra o caminho e que nos dá proteção. É preciso alimentar as inquietudes, os questionamentos, pois os buscadores caminham muito longe. Trilhar este caminho exige experimentação, porque ele é interno, é dentro de cada um que estão todas as respostas sobre a vida e o universo. Não é feito de teorias e ninguém pode trilhá-lo por nós.
Experimentação é experiência, nos permite ter ciência, ter conhecimento sobre algo que foi vivenciado, com seus acertos e erros. A ciência que alguém tem sobre algo ninguém pode tirar. Por isto que aquele que almeja a espiritualidade tem que ser um cientista, um experimentador. O Guia interno mostra o caminho, Ele está sempre mostrando, a todo mundo, é uma Luz que tenta se fazer presente e iluminar a escuridão, mas para perceber é preciso estar atento, é preciso querer ver, querer sentir e se conectar. Ele nos fala através da intuição, dos acontecimentos do nosso dia a dia, de uma pessoa que nos chega, de um livro que cai em nossa mão, de uma mensagem em um filme, das oportunidades de podermos ajudar. É importante fazer a escolha certa, o caminho é cheio de encruzilhadas, e destas escolhas vai nascendo a consciência (com ciência). Para que se faça a escolha certa é necessário negar em nós mesmos muitos conceitos, pré-conceitos, valores, referências...
As escolhas fazem parte da experimentação e vão definindo os valores em cada um. É importante se perguntar periodicamente, o que eu quero? Para que serve a vida? Quais são os meus objetivos? Quais são os meus valores? Não existe limite para as inquietudes e para quantos degraus queremos subir. Muitos querem ficar no mesmo degrau e não gostam de ver outros subir.
Por outro lado, os homens de ciência não conseguem ir muito longe privados de espiritualidade, pois realizam suas pequenas descobertas e não conseguem ter uma definição ética do uso que podem fazer delas. Nenhuma descoberta é ruim, por pior que possa parecer, energia atômica, pólvora, produtos químicos (Inclusive drogas), o problema é o uso que se faz delas, que destinos lhes são dados. Infelizmente vemos que os interesses não apontam para o bem comum da humanidade. Aí estão os valores, as escolhas, por isto os cientistas precisam da espiritualidade, para saber escolher, saber dar um bom destino as suas descobertas.
Desta forma podemos unir dentro de nós o cientista e o espiritualista, e também poderíamos acrescentar o filósofo e o artista, mas isto fica para um outro momento.
Palavras-chave: ciência, experimentação, sentido da vida, espiritualidade, ética, consciência, religião, buscador
Por: Marcus Franck
Ilustração: I ching meditations
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