24 novembro, 2007

Aquecimento Global: problema da espécie humana

A questão do aquecimento global tem aparecido insistentemente nos noticiários internacionais como sendo responsável pelo recrudescimento das catástrofes naturais. No entanto, os países continuam reticentes na vontade de diminuir suas emissões, retardando qualquer medida de impacto, porque representaria a renúncia ao paradoxo imposto como lei pelo capitalismo: o crescimento infinito em ambiente de recursos finitos.

A grande dificuldade no consenso das questões climáticas é que o mérito do problema remete à questão global. A primeira experiência histórica de um evento global que se tem notícia foi o dilúvio bíblico. Passados milhares de anos sucedeu-se o segundo evento através da deflagração da primeira guerra mundial, onde pela primeira vez forma usados todos os limites geográficos da terra. O segundo evento aconteceu algumas décadas mais tarde sob o maior conflito armado da história: a segunda guerra mundial que redesenhou o mapa geopolítico, arrasou impérios e criou outros e, pela primeira vez, plantou a semente da necessidade de superação das fronteiras geográficas, porque elas já não mais davam conta dos problemas emergentes que afetavam o ser humano enquanto gênero.

Depois dos eventos globais acima mencionados, está na ordem do dia um outro mais formidável ainda apontados pela série de estudos científicos sobre a composição da fina atmosfera terrestre, reveladores de que ao longo dos poucos anos da era industrial(um século), o frágil equilíbrio dos gases componentes da atmosfera foi severamente afetado, desbalanceado pelo incremento das emissões dos tipos de gases provocadores do efeito estufa (dióxido de carbono, ozônio, metano, óxido nitroso, etc).

Ironicamente, o efeito estufa não se configura em malefício dentro de certos limites, porque graças a ele a terra não é um mundo hostil coberto de gelo. Uma parte da irradiação solar é aprisionada pela atmosfera pela estrutura molecular dos gases estufa, criando condições favoráveis à vida, pois temperatura média anual de 15º Celsius é mantida no planeta. A estabilidade dessa equação se manteve até o surgimento da era industrial, que trouxe consigo a produção em massa, alimentada pela energia suja de carvão e petróleo.

Até hoje, grande parte da matriz energética humana se baseia em fontes sujas, altamente poluidoras, emissoras de gases de estufa, e não renováveis. Assim, quando a opção humana pela busca do atendimento das suas necessidades básicas de alimentação, higiene, vestimenta, transporte, conforto térmico e lazer não levou em conta a discrepância da exploração infinita em cima de recursos finitos, armou a bomba relógio do prazo de validade do novo estilo de vida. Ao cabo de um pouco mais de cem anos de exploração sistemática, graças se atingiu um status de conforto impensável na era pré-industrial, chegou a hora de pagar a conta pelas escolhas feitas pelas gerações passadas, daquilo que foi destruído em nome do lucro e do desenvolvimento.

Porém o nosso problema é antes de filosófico, do que prático, pois o capitalismo unido ao ideal burguês da liberdade do sujeito, concede ao indivíduo a opção de definir os seus gastos de acordo com os limites do seu poder aquisitivo, instaurando a lógica do “quem tem mais gasta mais e quem tem menos gasta menos”, sem outras preocupações senão a da obtenção de maiores quantidades possíveis de dinheiro para realizar os sonhos de consumo, sem outros freios, senão aqueles impostos pelo tamanho das contas correntes e capacidade de endividamento.

O paradoxo imposto pelos novos desafios podem ser postos da seguinte maneira: se por um lado as conquistas tecnológicas proporcionaram os maiores índices de bem estar que a humanidade já conquistou durante a escalada histórica, por outro, graças às conquistas tecnológicas, o homem tem alterado tão irreversivelmente o seu ambiente, que a cessação total de todas as agressões, não seria suficiente para reverter os danos ambientais no prazo de um século.

CONTINUA...

Por: Isaias Malta
Imagem: Blog do Sereno

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