O problema central do conhecimento é o das relações entre o sujeito e os objetos, que correspondem muito diretamente ao problema biológico das interações entre organismo e meio.
Ao eleger Piaget como autor central para debater um assunto tão complexo, escolho uma rota onde a interdisciplinaridade é essencial. Ramozzi-Chiarottino[1] enfatiza que Piaget caracterizava sua teoria como um "kantismo evolutivo". Segundo a autora, a influência de Kant permeia toda obra de Piaget, a qual pode ser entendida como uma retomada da problemática kantiana que se resolve à luz da Biologia e da concepção do ser humano como um animal simbólico. Conforme Ramozzi-Chiarottino, reencontra-se, na obra piagetiana, de um lado as preocupações de Kant e, de outro, as de Cassirer, o mais ilustre dos neokantianos.
Piaget elaborou seu arcabouço teórico reunindo diferentes áreas e buscando, quando necessário, a superação dialética de posições antagônicas, as quais não respondiam aos seus questionamentos. Sempre que ele fala da interação sujeito/objeto, está se referindo a uma díade dialética, uma vez que só podemos entender a construção do conhecimento quando pensamos sujeito e objeto como duas faces de uma mesma moeda ou dois pólos de uma mesma totalidade (FRANCO, 1998) [2].
Em outras palavras, a interação só pode ser entendida como um processo de simultaneidade e, portanto, de movimento entre dois pólos que necessariamente se negam, mas que conseqüentemente, se superam gerando uma nova realidade. Estes conceitos possibilitam um tal aporte de conteúdos produzidos em diferentes áreas como Biologia, Sociologia e Filosofia, sobre a construção do conhecimento, contribuindo para proposição de novos caminhos educativos. O problema central do conhecimento é o das relações entre o sujeito e os objetos, que correspondem muito diretamente ao problema biológico das interações entre organismo e meio.
Esta questão é abordada por Piaget através de uma tríade dialética: (a) ou o meio se impõe ao organismo e o modela no decurso do funcionamento até suas estruturas hereditárias dóceis a esta ação; (b) ou o organismo impõe ao meio estruturas hereditárias dele independentes e o meio se limita a eliminar as que não convém ou a alimentar as que lhe servem; (c) ou então existem entre o organismo e o meio interações tais que os dois tipos de fatores apresentam uma importância igual e permanecem indissociáveis.
Esta tríade estabelece uma discussão sobre lamarckismo e darwinismo, levando a uma ultrapassagem dialética de ambos, evidenciando o caráter interativo preponderante da relação organismo/meio, que corresponde à interação sujeito/objeto. É muito interessante constatar que as novas descobertas, perspectivas e conceitos utilizados em genética, atualmente, revelam, como insistia Piaget, que organismo e meio apresentam uma relação tal, que não podem ser vistos de forma indissociável e que o comportamento apresenta um papel essencial nos processos evolutivos.
CONTINUA...
Referências
[1]RAMOZZI-CHIAROTTINO, Zélia. Psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget. São Paulo : EPU Ltda, 1988.
[2] FRANCO, Sérgio R. K. Piaget e a Dialética In : BECKER, Fernando ; FRANCO, Sérgio (Org.) Cadernos de Autoria: Revisitando Piaget. Porto Alegre : Mediação, 1998.
Fonte da Ilustração: Fala Cidadão.
Palavras-chave: kant, piaget, cassirer, interação, lamarck, darwin
Em outras palavras, a interação só pode ser entendida como um processo de simultaneidade e, portanto, de movimento entre dois pólos que necessariamente se negam, mas que conseqüentemente, se superam gerando uma nova realidade. Estes conceitos possibilitam um tal aporte de conteúdos produzidos em diferentes áreas como Biologia, Sociologia e Filosofia, sobre a construção do conhecimento, contribuindo para proposição de novos caminhos educativos. O problema central do conhecimento é o das relações entre o sujeito e os objetos, que correspondem muito diretamente ao problema biológico das interações entre organismo e meio.
Esta questão é abordada por Piaget através de uma tríade dialética: (a) ou o meio se impõe ao organismo e o modela no decurso do funcionamento até suas estruturas hereditárias dóceis a esta ação; (b) ou o organismo impõe ao meio estruturas hereditárias dele independentes e o meio se limita a eliminar as que não convém ou a alimentar as que lhe servem; (c) ou então existem entre o organismo e o meio interações tais que os dois tipos de fatores apresentam uma importância igual e permanecem indissociáveis.
Esta tríade estabelece uma discussão sobre lamarckismo e darwinismo, levando a uma ultrapassagem dialética de ambos, evidenciando o caráter interativo preponderante da relação organismo/meio, que corresponde à interação sujeito/objeto. É muito interessante constatar que as novas descobertas, perspectivas e conceitos utilizados em genética, atualmente, revelam, como insistia Piaget, que organismo e meio apresentam uma relação tal, que não podem ser vistos de forma indissociável e que o comportamento apresenta um papel essencial nos processos evolutivos.
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Referências
[1]RAMOZZI-CHIAROTTINO, Zélia. Psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget. São Paulo : EPU Ltda, 1988.
[2] FRANCO, Sérgio R. K. Piaget e a Dialética In : BECKER, Fernando ; FRANCO, Sérgio (Org.) Cadernos de Autoria: Revisitando Piaget. Porto Alegre : Mediação, 1998.
Fonte da Ilustração: Fala Cidadão.
Palavras-chave: kant, piaget, cassirer, interação, lamarck, darwin
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