A problematização do sujeito da educação constitui uma interrogação filosófica sobre o que de nós provém do meio e o que não provém e o que nos diferencia dos animais; um destes diferenciais é a necessidade de simbolização.
As informações hereditárias estão gravadas em moléculas de DNA, organizadas na forma de cromossomos e dotadas de dois poderes: (a) são capazes de se reproduzir, o que permite a sua transmissão de um ser para os seus descendentes; (b) são capazes de dirigir a síntese de outras moléculas, as proteínas, o que permite a realização concreta destes descendentes a partir do estoque inicial de informação biológica.
As proteínas codificadas na molécula de DNA, vão constituir o ser vivo e depois produzir os diversos metabolismos, que asseguram parte da sua sobrevivência. A síntese protéica é um processo altamente interativo, pois um gene não passa de uma estrutura química e, por isso, sabe fazer apenas uma coisa: reagir em face de uma outra estrutura química. Um gene isolado fica mudo e calado, só pode se exprimir quando o conteúdo do espaço que o rodeia, ou seja, o meio, lhe der uma oportunidade para tal.
Quando se trata de sintetizar uma proteína, o resultado da interação entre os genes e o meio é fácil de descrever: ou o meio fornece os elementos necessários e a proteína é sintetizada, segundo a seqüência de aminoácidos, que corresponde rigorosamente à seqüência de DNA; ou alguns destes elementos não estão disponíveis e nada é produzido. O resultado final depende, portanto, ao mesmo tempo, do gene responsável e do meio intracelular. Do que a síntese protéica depende mais então: do gene ou do meio?
A procura das partes atribuíveis a um e a outro no resultado da sua interação revela-se desprovida de significação. Ao sair do nível elementar de um gene e uma proteína e tomar o metabolismo no seu conjunto, que envolve múltiplos produtos, as coisas complicam-se infinitamente, mas a síntese permanece a mesma: somos produtos, em todos os níveis, de processos interativos.
Por este motivo, a problematização do sujeito da educação constitui-se, no fundo, numa interrogação filosófica sobre o próprio homem e nesse sentido, é possível colocar as seguintes questões: O que há em nós de meio? O que há em nós de "não-meio"? O que diferencia o ser humano dos outros animais? Por que necessitamos de símbolos? Como nos constituímos em interação com nosso meio físico ou social? Uma argumentação teórica capaz de fornecer respostas a estas perguntas, utilizando conceitos de biologia, sociologia e filosofia, define o que é a filtragem do mundo.
palavras-chave: DNA, meio, transmissão hereditária, cromossomo
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