03 outubro, 2007

Aspectos biológicos do animal simbólico

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A problematização do sujeito da educação constitui uma interrogação filosófica sobre o que de nós provém do meio e o que não provém e o que nos diferencia dos animais; um destes diferenciais é a necessidade de simbolização.

As características biológicas do animal simbólico são constituídas pela interação da informação hereditária com seu meio, de maneira que, como salienta Piaget, ao analisar o resultado da interação, não se pode atribuir importância maior nem ao sujeito nem ao meio, na sua constituição.

As informações hereditárias estão gravadas em moléculas de DNA, organizadas na forma de cromossomos e dotadas de dois poderes: (a) são capazes de se reproduzir, o que permite a sua transmissão de um ser para os seus descendentes; (b) são capazes de dirigir a síntese de outras moléculas, as proteínas, o que permite a realização concreta destes descendentes a partir do estoque inicial de informação biológica.

As proteínas codificadas na molécula de DNA, vão constituir o ser vivo e depois produzir os diversos metabolismos, que asseguram parte da sua sobrevivência. A síntese protéica é um processo altamente interativo, pois um gene não passa de uma estrutura química e, por isso, sabe fazer apenas uma coisa: reagir em face de uma outra estrutura química. Um gene isolado fica mudo e calado, só pode se exprimir quando o conteúdo do espaço que o rodeia, ou seja, o meio, lhe der uma oportunidade para tal.

Quando se trata de sintetizar uma proteína, o resultado da interação entre os genes e o meio é fácil de descrever: ou o meio fornece os elementos necessários e a proteína é sintetizada, segundo a seqüência de aminoácidos, que corresponde rigorosamente à seqüência de DNA; ou alguns destes elementos não estão disponíveis e nada é produzido. O resultado final depende, portanto, ao mesmo tempo, do gene responsável e do meio intracelular. Do que a síntese protéica depende mais então: do gene ou do meio?

A procura das partes atribuíveis a um e a outro no resultado da sua interação revela-se desprovida de significação. Ao sair do nível elementar de um gene e uma proteína e tomar o metabolismo no seu conjunto, que envolve múltiplos produtos, as coisas complicam-se infinitamente, mas a síntese permanece a mesma: somos produtos, em todos os níveis, de processos interativos.

Por este motivo, a problematização do sujeito da educação constitui-se, no fundo, numa interrogação filosófica sobre o próprio homem e nesse sentido, é possível colocar as seguintes questões: O que há em nós de meio? O que há em nós de "não-meio"? O que diferencia o ser humano dos outros animais? Por que necessitamos de símbolos? Como nos constituímos em interação com nosso meio físico ou social? Uma argumentação teórica capaz de fornecer respostas a estas perguntas, utilizando conceitos de biologia, sociologia e filosofia, define o que é a filtragem do mundo.

palavras-chave: DNA, meio, transmissão hereditária, cromossomo

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